segunda-feira, 27 de junho de 2016

Pesquisa tem novidade sobre precursores do Espíritismo


Quem é o pesquisador Paulo?

Sou Paulo Henrique de Figueiredo, 49 anos. Por formação, atuo como administrador de empresas, mas desde jovem tenho sido pesquisador, divulgador e palestrante do Espiritismo, em conferências e seminários por todo o Brasil.

Nasceu em berço espírita ou veio depois?

Venho de uma família espírita atuante na divulgação do espiritismo desde meus avós. Desde a infância estive perto de médiuns, palestrantes e estudiosos espíritas, como Chico Xavier, Martha Galego, Herculano Pires, Jorge Rizzini, entre outros.

Você  já tinha um trabalho histórico nessa área.

As obras de Kardec estavam presentes no cotidiano. Posteriormente, por mais de cinco anos mantivemos nas bancas uma revista espírita, a Universo Espírita. Também iniciamos um programa de rádio com o mesmo nome, que já tem mais de quinze anos, sendo veiculado em diversas rádios. Minha pesquisa sobre o espiritismo rendeu a publicação da obra “Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos”, que já recebeu três edições e será relançada ainda este ano. Mas esse livro era parte de uma pesquisa ainda mais ampla, pesquisei o magnetismo animal, em verdade, para compreender o espiritismo! O resultado de mais de duas décadas de estudos em fontes primárias resultou em “Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec”, lançada agora neste mês de junho de 2016.

Como se interessou pelo tema?

Desde pequeno, as obras de Kardec estavam espalhadas pela casa de meus pais. Mas foi a coleção da Revista Espírita que me chamou muito a atenção. Nessas revistas publicadas por Allan Kardec mês a mês, desde 1858, pude conhecer o dia a dia de seus trabalhos de comunicação com os espíritos e os debates na Sociedade Parisiense. Nas obras básicas, os textos são conclusivos e literários. Na revista, vemos o professor Rivail em plena atividade de pesquisa, debatendo temas, interpretando e comparando mensagens, respondendo a polêmicas, propondo questões instigantes e esclarecedoras aos espíritos, relatando suas viagens, encontros, dando instruções às centenas de grupos de estudos com os quais se correspondia. Fiquei maravilhado com aquela viagem no tempo.

E o magnetismo?

Certo dia, me deparei com a seguinte afirmação de Kardec: “O Magnetismo preparou os caminhos do Espiritismo, e os rápidos progressos dessa última doutrina são, incontestavelmente, devidos à vulgarização das ideias da primeira”. Em seguida considerou que Magnetismo Animal e Espiritismo eram ciências irmãs, até mesmo gêmeas! Por fim, sentenciou: “sua conexão é tal que é, por assim dizer, impossível falar de um sem falar do outro. Se devêssemos ficar fora da ciência magnética, nosso quadro estaria incompleto”. Fiquei muito intrigado com aquelas palavras. Pois questionei as mais diversas pessoas do meio espírita e ninguém sabia explicar do que tratava a ciência do magnetismo animal! E então pensei: Mas se Kardec afirmou que não é possível compreender o Espiritismo sem sua ciência irmã, hoje ele deve estar incompleto. Parti então em busca dos significados da ciência criada por Franz Anton Mesmer, o médico alemão que criou a proposta de renovação da medicina por meio de sua descoberta, o tratamento pelos passes e imposição de mãos.

Outros pesquisadores também foram parte da base precursora do Espiritismo?

Junto com o professor e escritor da Faculdade Paulista de Medicina, Dr. Álvaro Glerean, procedemos à tradução e estudo das obras de Mesmer, e de mais de uma dezena de autores clássicos que o sucederam, como Puységur, Deleuze, Du Potet, Ricard, entre tantos. Foram mais de vinte obras. Nos debruçamos também nos jornais e revistas dos magnetizadores, e também os autores que contestavam essa nova ciência. Todo esse trabalho foi dedicado a recuperar a ciência irmã do espiritismo, para compreender quais conceitos e valores complementavam o entendimento da doutrina espírita, como explicou Kardec.

Qual é foco da pesquisa contida no livro que lançou agora?

Achamos tão rico e valoroso o legado de Mesmer, que, ainda em meio à pesquisa, publicamos o livro “Mesmer”, para colocar a público aquelas interessantes informações. Mas continuamos nosso trabalho. Avançando no tempo, buscamos compreender o meio dos magnetizadores quando do surgimento dos fenômenos espíritas, a repercussão dessa novidade, os grupos de magnetizadores que passaram a dialogar com os espíritos, os debates e questionamentos dede 1849 em Paris, mais de cinco anos antes do professor Rivail ouvir falar das mesas girantes! Depois continuamos essa volta no tempo, buscamos conhecer a família de Rivail, sua infância na cidade natal, Bourg-em-Bresse, os primeiros passos em Paris, e todo o período de elaboração da doutrina espírita. O resultado dessa ampla e minuciosa abordagem resultou no livro “Revolução Espírita”.

Por que revolução?

Essa detalhada pesquisa revelou que quando o “Livro dos espíritos” chegou às livrarias, havia um público bastante preparado para compreender o que de novo estava sendo dito pelos espíritos nessa obra. O magnetismo animal estava presente na cultura e nos hábitos sociais, haviam consultas e diagnósticos com sonâmbulos, praticamente todos os homeopatas aplicavam tratamentos por passes, haviam consultórios e até hospitais mesméricos. Uma ampla literatura tratava da ciência do Magnetismo Animal. Também a Universidade, nas áreas de humanas, notadamente na filosofia e psicologia, como relato amplamente no livro, adotavam uma orientação espiritualista, era o que se conhecia como espiritualismo racional. Quem havia estudado essa matéria no colégio ou faculdade, tinha todo um questionamento, um cabedal de dúvidas, pronto para receber a teoria dos espíritos como resposta lúcida, inovadora e revolucionária! Kardec percebeu a grandiosidade desse movimento, e afirmou: “Uma revolução nas ideias certamente produz outra na ordem das coisas. É essa revolução que o Espiritismo prepara”. E foi exatamente essa revolução nas ideias que encontramos em nossa pesquisa e apresentamos de forma acessível em nosso mais recente livro. E ouso dizer, são conceitos que podem ser recebidos como uma grata novidade pelo movimento espírita atual. Poderia dizer que: aquele que busca novidades em Kardec vai certamente vai encontra-las, na teoria esquecida desse renomado professor!

Por que Kardec continua desconhecido ou ignorado pela historiografia?

A pesquisa biográfica sobre Allan Kardec foi produzida por pesquisadores minuciosos, como Zeus Wantuil, no século 20. Nesse tempo, o acesso a documentos originais e outras fontes primárias era muito difícil e precário. O interesse atual pela história e o acesso à informação pela internet é um marco na evolução da cultura humana. A Europa investe muito nesse campo. Hoje temos acesso a jornais, revistas, livros e documentos, de cada cidade, em cada uma das fases históricas. Descobrimos que importantes brechas e até informações equivocadas estão estabelecidas no senso comum da biografia de Kardec e até mesmo na interpretação da doutrina espírita. Enfrentar a recuperação desses valores, sem ideias preconcebidas, sem a intenção de encontrar o que se imagina ser o certo. Ter a mente aberta para compreender o que ocorreu, independente de opiniões pessoais. Olhar para o passado sabendo que havia uma cultura naquela época muito diferente da atual, e que o olhar de hoje é diferente de quem viveu nesse passado. Esses são alguns dos cuidados necessários para produzir uma nova historiografia espírita. Pensamos em tornar a obra “Revolução Espírita”, uma contribuição nesse sentido. Um tijolo nessa construção.

O Espiritismo continua um novo paradigma ou está desatualizado?

Os espíritos que se propuseram a transmitir a Kardec e demais pesquisadores que compunham as sociedades de estudos espíritas uma doutrina revolucionária e transformadoras compreendem as leis naturais que regem o mundo espiritual com profundidade e clareza. Uma amplidão longe de nossa capacidade de entendimento. Por isso, eles agiram e agem de forma pedagógica adequada, deixando que estejamos conscientes das dúvidas para apresentar o caminho dos ensinamentos. É preciso partir do conhecido para o desconhecido. Esse trabalho de construção dos conceitos espíritas é contínuo e progressivo. Não houve continuidade desse diálogo amplo e diversificado, por meio de médiuns independentes e em grande número, por grupos esclarecidos, como ocorreu em torno de Rivail de 1857 a 1869. Houve uma ruptura. A doutrina espirita está presente nas obras de Kardec, incluindo com grande importância as Revistas Espíritas, e precisa ser resgatada com os recursos imprescindíveis da História e Filosofia das Ciências. Muitas das respostas para a crise moral e intelectual que atualmente a humanidade passa estão presentes na Doutrina Espírita. No entanto, esses valores fundamentais estão atualmente fora dos debates, das palestras, dos cursos, enfim, do repertório de temas do movimento espírita. O espiritismo é uma doutrina revolucionária, de vanguarda, atual, surpreendente; mas quem não conhece seus conceitos fundamentais originais, é quem está desatualizado. E, como afirmou Herculano Pires, o Espiritismo ainda hoje é o “grande desconhecido”.

O que os espíritas e não espíritas podem esperar da sua obra?


Não caberia aqui reproduzir as descobertas, os dados inéditos, os questionamentos propostos amplamente apresentados na obra “Revolução Espírita”, a isso remetemos à sua leitura. O que dizemos é que esse livro é o que eu gostaria de ter em mãos, quando fui instigado pelas afirmações de Allan Kardec. Foram duas décadas de mergulho no passado, lendo milhares de obras, revistas, jornais e documentos. Procuramos oferecer como fio condutor da obra uma biografia romanceada do professor Rivail baseada exclusivamente em fontes primárias. O pano de fundo dessa narrativa é a história da França. Mas as descobertas e ideias de Allan Kardec vão sendo esmiuçadas, debatidas e apresentadas no contexto de seu tempo, para que o leitor nos acompanhe nessa viagem no tempo. A pergunta é a seguinte: O que teria entusiasmado um intelectual francês a reconhecer na teoria espírita o potencial de transformar o mundo? Esperamos ajudar com “Revolução Espírita” o leitor a encontrar essa resposta, seja ou não espírita.






sexta-feira, 3 de junho de 2016

Época de céu enfeitado

Vai chegar um tempo em que o nosso mundo vai estar livre das maldades e exageros humanos.

Vai ser uma época em que, pela tecnologia ou pelo poder da mente, poderemos enfeitar coletivamente o Céu com os nossos pensamentos e sentimentos, para marcar ocasiões especiais.

Pelo menos foi o que vi num sonho hoje de madrugada. É que ontem (31 de maio) na tradição cristã, foi o dia de Maria visitar Isabel.(Lucas 1:39-80). O Céu estava cheio de estrelas que não eram estrelas e sim pensamentos, com muitas formas e intenções, a maioria imitando enfeites de devoção à Maria, incluindo terços e manjedouras. Estava eu, Dona Jacy - minha Mãe que hoje fez 79 anos- e uma outra pessoa que não lembro bem quem é. Todos olhando para o Céu e apenas eu apontando os enfeites, feito uma criança deslumbrada com tanto brilho e encanto.
Acordei sem nenhuma vontade de acordar.