terça-feira, 26 de janeiro de 2016

João Batista, Elias e o Espírito de Verdade

“Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes do céu, como um imenso exército que se movimenta desde que dele recebeu a voz de comando, espalham-se sobre a superfície da Terra; semelhantes às estrelas cadentes, vêm iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos...dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos”.

João Batista foi o anunciador do Messias às margens do rio Jordão e por suas palavras de fogo foi pronunciada a grande oportunidade e advertência de salvação: “Eis o Cordeiro que tira os pecados do mundo”. Naquela época a nossa humanidade já estava moralmente falida no vencido ciclo civilizatório greco-romano e, segundo os historiadores astrólogos, ingressava na Era de Peixes, polarizada com Virgem, signos de cujas simbologias os cristãos extrairiam seus emblemas máximos de regeneração em uma nova etapa humana: o de pescadores de almas; e da Virgem Maria, responsável pela tônica de pureza de coração, brandura, humildade e compaixão.


Primo em segundo grau de Jesus, João Batista trazia em si o Espírito de Verdade que existiu no profeta Elias e que foi identificado no célebre episódio da Transfiguração. Essa revelação de Jesus, da sua a condição de Cristo, acompanhado de Elias e Moisés), foi testemunhada somente pelos discípulos Pedro, João e Tiago, a quem Jesus pediu segredo sobre o que viram e ouviram. Os demais, ainda espiritualmente imaturos diante da Verdade, ficariam extremamente apavorados com desdobramentos da inesquecível cena do Tabor, porém não tão abalados, perplexos e impressionados como ficaria Pedro. Ali estava acontecendo um encontro histórico da tradição messiânica e seus profundos efeitos no futuro. O Espírito de Verdade contido em João Batista deveria preparar o terreno para a semeadura do Evangelho e iniciar Jesus na sua tarefa pública de três anos, na qual as coisas testemunhadas pelos seus ouvintes deveriam mudar da água para vinho no seu aspecto externo; e internamente da lama para água desta para a luz. Também nas instruções que faria aos discípulos, pouco antes de partir, Jesus lembra que o Espírito de Verdade, tal como Elias e João Batista, vai anunciar a seu retorno pela promessa do Paracleto ou Consolador, por meio da lembrança e retomada dos seus ensinamentos que seriam esquecidos e desviados nos séculos seguintes.

A autoridade espiritual de João Batista esteve, portanto, nos principais momentos da revelação da Verdade messiânica: na luta de Elias contra os reis e profetas de Baal, que pretendiam a destruição da fé em Israel; no batismo de Jesus no rio Jordão; no renovado combate de fé contra a realeza corrupta e contra o paganismo romano; e finalmente no Paradoxo da revelação espírita comandada pelo próprio Espírito de Verdade no século XIX.

Como todos os profetas de Israel, João Batista se mostra como um ser “misantropo e sombrio” ou “radical socialista” (Will Durant, Nossa Herança Oriental), crítico do sistema social e do mau comportamento dos sacerdotes e dirigentes políticos. Por isso João Batista em tudo lembra Elias e também os seus antigos adversários. O rei Acab e a rainha Jezebel, agora são representados por Herodes e Herodíades, adoradores de Baal, usurpadores do trono e da riqueza alheia. Imorais, criminosos e violentos, essas duas almas delinquentes voltariam a representar no final do século XVIII como Luiz XVI e Maria Antonieta, o rei indeciso e imprevidente; e a rainha de origem austríaca, muito dada ao luxo, sempre repudiados xingados pela plebe. Esses antigos ladrões de vinhas, caluniadores e assassinos de Nabote, já haviam sido cruelmente mortos, conforme havia sido vaticinado por Elias- e seu sangue lambido por cães. Na França revolucionária, sob a acusação de alta traição, a velha e viciada representação monárquica perderia o trono, inúmeras videiras e principalmente suas cabeças, sendo também seu sangue lambido pelos cães atraídos pelo cheiro da morte na guilhotina. A mesma revolução que daria fim aos abusos do clero e da nobreza permitindo a manifestação do Paracleto na Europa e no recém liberto mundo colonial americano.



Pinturas de São João Batista: Anton Raphael Mengs e Pierre Cécile.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Desafiando a Lei da Gravidade.

A Lei da Gravidade é a marca principal de contenção, controle e liberação da vida inteligente em nosso planeta, não só no plano da matéria (energia condensada) mas também nos planos de energia livre. Lutamos, desde as formas mais simples às mais complexas, para nos libertar dessa força que nos prende ao magma, vivendo e nos alimentando de tudo que está no chão, nossa principal área de interesse e das primeiras tecnologias de domínio do meio ambiente. Na medida que mudaram nossos interesses orgânicos e necessidades mentais, as nossas formações vertebrais e nervosas se desenvolveram no sentido oposto ao plano horizontal da matéria, rompendo os laços do instinto e ingressando no plano vertical, surgindo em nós outras habilidades intelectivas e emocionais. O Homem, por exemplo, quando ficou definitivamente em pé, ereto, verticalizou sua coluna vertebral e também sua mente, tornando-se prova viva da rebelião contra os limites da gravidade.  Somente ele foi capaz de fazer isso.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Uma escola para suicidas

No Livro “Memórias e um Suicida”, o autor descreve em mais de quinhentas páginas sua triste trajetória após ter tirado a própria vida com um tiro no ouvido. Camilo Cândido Botelho (Camilo Castelo Branco) apresenta primeiramente o Vale dos Suicidas ou dos “Réprobos”, cenário mental escuro e pavoroso onde almas afins se atraem para purgar os mais dolorosos efeitos da autodestruição. Em seguida, sob a condução seletiva e severa da Legião dos Servos de Maria, Camilo atinge a Colônia Correcional ou Burgo Esperança, núcleo menos escuro em cujos departamentos e edifícios são recolhidos e matriculados os criminosos em seus múltiplos e graves delitos contra si mesmos. Ali estão a Torre de Vigia, Isolamento e o Manicômio, partes do grande Hospital Maria de Nazaré (ou Hospital Matriz). Num plano mais iluminado encontra a Cidade Universitária, metrópole de estilo hindu, descrito pelo autor como um padrão de civilização inimaginável na esfera material, formada por avenidas imensas, lagos e arvoredos majestosos e floridos. Ali, alinhadas em posição setenária, estão as Academias iniciáticas de habilitação para reencarnações expiatórias e regeneradoras. Cada uma delas com letreiros indicando as disciplinas a serem cursadas: Moral, Filosofia, Ciência, Psicologia, Pedagogia, Cosmogonia e Esperanto. Das turmas cursantes e aptas (após um longo e sofrível período de adaptação mental), a do narrador era uma das mais vultosas, contando com “cerca de duzentos pecadores”, tendo um grande contingente de damas brasileiras de diversas camadas sociais. Os alunos, após a aula magna dada pelo Diretor do Burgo e da Mansão Esperança (Irmão Sóstenes), foram apresentados aos principais instrutores: o ancião romano Epaminondas de Vigo; o iniciado médio-oriental Souria-Omar e finalmente o jovem, quase adolescente, Aníbal de Silas. Cada um deles se desdobraram no ensino específico dos seguintes conteúdos: Gênese Planetária, Pré-História; Evolução do ser; Imortalidade da alma; A  tríplice natureza humana; As faculdades da alma; A lei das vidas sucessivas em corpos carnais terrenos, ou reencarnação; Medicina psíquica; Magnetismo e noções de magnetismo transcendental; Moral cristã; Psicologia e Civilizações terrenas. Todas as aulas eram alternadas com aulas de Evangelho. Em seguida foram organizados em “agrupamentos homogêneos de dez individualidades”, sendo separadas as damas dos cavaleiros, ainda em desequilíbrio emocional, para evitar a interferência de ideias e inclinações mentais que “oprimem a vontade, turbam as energias da alma e entorpecem as faculdades”. A escola e os cursos ali ministrados tinham como diretrizes os seguintes dizes: CONFIAI! APRENDEI! E TRABALHAI!

PS.  Essa Escola, foi instalada nos mesmos moldes na Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1950, pelo então secretário geral, Edgard Armond, tendo como expositores grandes vultos do movimento espírita da época: Canuto Abreu, Ary Lex, Vinícius, Emílio Manso Vieira, Iracema Martins de Almeida, Carlos Jordão da Silva, Sérgio Valle, Júlio de Abreu Filho, Benedito Godoy Paiva, entre outros. Foi denominada Escola de Aprendizes do Evangelho -Iniciação Espírita, sendo depois a base de criação e expansão da Aliança Espírita Evangélica e da Fraternidade dos Discípulos de Jesus. Os fundadores do CVV são originários da 7ª Turma da Escola de Aprendizes da FEESP.