domingo, 9 de março de 2014

Visão estratégica de Edgard Armond se concretiza


Ele dizia nos anos 40 que no futuro haveria a necessidade de um centro espírita em cada esquina. Tanto a FEESP quanto a Aliança Espírita Evangélica, dirigida e orientada respectivamente por ele nos anos 50 e 70 tinham essa meta a médio e longo prazo. A principal ferramenta de expansão era a Escola de Aprendizes do Evangelho, programa com formação e capacitação sistemática de voluntários para fundar e gerir novos núcleos a cada dois ou três anos, na conclusão do ciclos das turmas.

.........................

CENTROS ESPÍRITAS PAULISTANOS SUPERAM HOSPITAIS EM ATENDIMENTOS

Agência USP/UOL

Um levantamento realizado em 55 centros espíritas da cidade de São Paulo aponta que, juntos, os atendimentos espirituais chegam a cerca de 15 mil por semana (60 mil ao mês). “Este número é muito superior ao atendimento mensal de hospitais como a Santa Casa, que atende cerca de 30 mil pessoas, ou do Hospital das Clínicas, com cerca de 20 mil atendimentos”, destaca o médico psiquiatra Homero Pinto Vallada Filho, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A média relatada de atendimentos semanais em cada instituição foi de 261 pessoas.
“Sabemos, por meio de vários estudos, que a abordagem do tema religiosidade ou espiritualidade exerce um efeito bastante positivo na saúde de muitos pacientes. Por isso, podemos considerar a terapia complementar religiosa ou espiritual como uma aliada dos serviços de saúde”, revela, lembrando que, geralmente, o paciente não tem o hábito de falar sobre suas crenças religiosas e muito menos de contar que realiza tratamentos espirituais em centros espíritas.

Vallada Filho foi o orientador da dissertação de mestrado Descrição da terapia complementar religiosa em centros espíritas da cidade de São Paulo com ênfase na abordagem sobre problemas de saúde mental, de autoria da médica Alessandra Lamas Granero Lucchetti, apresentada ao Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP em dezembro.

A ideia foi mostrar a dimensão do trabalho realizado pelos centros, o grande número de atendimentos prestados e os diferentes serviços oferecidos. Observou-se também que apenas uma pequena minoria realiza cirurgias espirituais, sendo todas sem cortes. Na segunda parte da dissertação, a pesquisadora descreve passo a passo uma terapia complementar espiritual para pacientes com depressão realizada na Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP).
 
Centros espíritas

Alessandra realizou um levantamento inicial de todos os centros espíritas da capital paulista que possuíam site na internet contendo endereço de contato. A médica chegou ao número de 504 instituições. Neste levantamento, foram considerados apenas centros espíritas “kardecistas”, ou seja, aqueles que seguem a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Leon Denizad Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec, e que tem como base as obras O Livro dos Espíritos (publicado na França em 1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).

A médica enviou, via Correios, uma carta registrada a cada um dos 504 centros. Destas cartas, 139 voltaram devido a problemas como mudança ou erro no endereço. Das 370 que restaram, apenas 55 foram respondidas. “Se considerarmos que essa média de 60 mil atendimentos mensais representa menos de 15% da totalidade dos centros existentes na cidade, chegaremos a um número total de atendimentos muito superior aos dos 55 que participaram do estudo”, destaca Vallada.

Um questionário foi respondido apenas pelo dirigente ou pessoa responsável do centro. O material era bastante extenso e continha perguntas ligadas à identificação e funcionamento do centro, o número de voluntários e de atendimentos, as atividades realizadas e os tipos de tratamentos, quais os motivos levavam as pessoas a buscar ajuda, e como é feita a diferenciação entre mediunidade, obsessão e transtorno psicótico e quais orientações para estes casos, entre outras questões.

Resultados

Entre os resultados, foi observado que a maioria são centros já estabelecidos e que têm mais de 25 anos de existência, sendo o mais velho funcionando há 94 anos e o mais jovem com 2 anos. Em praticamente quase todos, os usuários são orientados a continuar com o tratamento médico convencional, caso estejam fazendo algum, ou mesmo com as medicações indicadas pelos médicos.
Os principais motivos para a procura pelo centro foram os problemas de saúde: depressão (45,1%), câncer (43,1%) e doenças em geral (33,3%). Também foram relatados dependência química, abuso de substâncias, problemas de relacionamento. Entre os tratamentos realizados, a prática mais presente foi a desobsessão (92,7%) e a menos frequente foi a cirurgia espiritual, (5,5%), sendo todas sem uso de cortes.

Quanto à diferenciação entre experiência espiritual e doença mental, realizada com base em nove critérios propostos pelos pesquisadores Alexander Moreira Almeida e Adair de Menezes Júnior, da Universidade Federal de Juiz de Fora, a média de acertos foi de 12,4 entre 18 acertos possíveis. Apenas quatro entrevistados (8,3%) tiveram 100% de acertos. Entre esses critérios, estão a integridade do psiquismo; o fato de a mediunidade não trazer prejuízos em nenhuma área da vida; a existência da autocrítica; e a mediunidade sendo vivenciada dentro de uma religião e cultura específicos, entre outros.

“Esse levantamento procurou descrever as atividades realizadas nos centros espíritas e salientar não só a grande importância social desempenhada por eles, mas também a grande contribuição ao sistema de saúde como coadjuvante na promoção de saúde, algo que a grande maioria das pessoas desconhece”, finaliza.
A pesquisa completa pode ser consultada neste link.
 
Mais informações: email hvallada@usp.br, com o professor Homero Vallada

sábado, 8 de março de 2014

Quem tem medo do Diabo?



Foi nessa época do ano, na Europa medieval, que construiu-se o mito do Diabo, metáfora do inconsciente individual e coletivo. Esse personagem, muito cultivado nas crendices greco-romanas (faunos e sátiros) não consta nos textos originais dos Evangelhos compilados por São Jerônimo. Tudo indica que foi sendo introduzido nas traduções feitas pelos monges copistas, a mando dos seus superiores, ligados ao sistema de dominação social do feudalismo. O Livro o Nome da Rosa ilustra um aspecto dessa história.
Esse mito ainda tem força simbólica e muito influi sobre aqueles que foram educados em religiões dogmáticas, porém, para os espíritas, ele é apenas uma representação de Espíritos voltados ao mal e que, em muitos casos, assumem a  forma de seres satânicos com a intenção de causar medo e dar vazão aos seus planos de vingança e opressão de encarnados e desencarnados.   Os que se cansam dessa experiência muitas vezes se regeneram em processos educativos que antecedem a reencarnação e complementados por provas na carne, dedicando-se, por exemplo, ao amparo e regeneração de  pessoas em núcleos religiosos e assistenciais.  Alguns vão servir em estabelecimentos prisionais, onde, não raro, reencontram seus antigos comparsas a espera de sua colaboração  no esforço de um possível recomeço na vida fora do crime.  Outros adquirem créditos mais avançados e operam diretamente nas esferas da justiça, em provas mais graves e delicadas, com alto risco de  recaídas.
Numa conhecida crônica de Hilário Silva psicografada por Chico Xavier, um dirigente de centro espírita é solicitado por vários frequentadores  a invocar e doutrinar uma entidade que, encarnada, havia causado muito terror naquela comunidade em tempos remotos e ainda  provocava  temor e perturbação sobre muitos moradores. Insistindo muito na invocação, era sempre advertido pelo seu  mentor espiritual de que não deveria levar em frente tal cruzada, sendo a mesma muito arriscada e imprudente. Só mudou de opinião quando o mesmo mentor revelou realmente não ser possível a invocação dizendo:  "A tal entidade demoníaca é você mesmo, reencarnado".