domingo, 28 de dezembro de 2014

Moisés e Deus



Diálogo no Facebook, à propósito do novo filme de Redley Scott.

 Fui ao cinema ver Êxodo. Sala lotada para ver a velha história sob novos efeitos especiais. Eu e Verônica (minha filha) quase congelamos com o ar condicionado no máximo. Quem assiste naturalmente fica dividido entre o mito e a racionalidade desse clássico episódio bíblico. O diretor Redley Scott, sempre fascinado por antropologia, humaniza Moisés, atualiza a leitura da bibliografia judaica, porém insiste na possibilidade humana de sintonizar forças e inteligências de outras dimensões do universo. Para ele os fenômenos relatados continuam sendo metáforas de situações-limite da existência. O homem vê Deus como uma criança petulante e Deus vê o homem como um adulto que não abandonou a infância. Legal.

Sidnei* -Difícil a relação do homem com Deus, não acha?

Dalmo - Relação de amor e ódio, até que as polaridades se tornem uma coisa só. Demora milhões de anos.

S- Nós inventamos Deus fora de nós e o vemos como uma outra pessoa ou outro ser. Na visão de Santo Agostinho isso é pecado. O que você pensa disso?

D- Agostinho via o pecado como como um desvio natural que precisa ser corrigido diariamente. Nós não inventamos Deus, ele sempre esteve em nós. Como somos humanos, Deus obviamente se torna humano, lutando contra o exterior (os instintos). Se negamos a razão e cultivamos a animalidade, Deus desaparece, embora permaneça oculto. Na medida que avançamos na razão Deus deixa de ser alguém (pessoal) e passa ser alguma coisa não humana. Kardec pergunta aos Espíritos o que é Deus e não quem é Deus. Zenon o definiu como o Logos Spermatikus. Nossa semelhança com Deus é a mente e não o corpo. Spinoza e Einstein definem Deus com a mente universal.

S- Estava vendo alguns vídeos ontem que contestam a teoria evolucionista. Inclusive um que afirma que o ser humano vive na terra há bilhões de anos. E, num certo ponto lá, o autor fala que admitir a teoria evolucionista seria considerar o homem apenas matéria, quando na verdade trata-se se matéria, mente e consciência, de acordo com religião védica.

D- A oposição criacionismo versus evolucionismo é ideológica e maniqueísta. Darwin só corfirma Deus como uma inteligência que atua pelas leis da natureza e não como magia simples. A tese de Teilhard Chardin (Fenômeno Humano) é a que mais se aproxima da leitura científica. A tradição védica é amelhor de todas elas (Doutrina Secreta de Helena Blavatsky). A Gênese de Kardec faz uma síntese de tudo isso.

S- No caso, o Autor afirma que a comunidade científica esconde evidências de forma a manter uma ditadura do conhecimento e evolucionismo para preservar as suas carreiras. Mas, o que achei interessante mesmo é que a consciência individual evoluiria também e numa velocidade diferente do corpo físico, o que justificaria os ciclos e a presença aqui há muito tempo do que admite a nossa vã filosofia.

D- É provável, pois instituiu-se uma luta ideológica entre pseudos cientistas e pseudos teólogos. A briga se enveredou para uma disputa de argumentos sem fim e perdeu o foco e a razão. Provar versus negar. A evolução da consciência é atemporal, embora precise do tempo biológico na fase inicial.

S- Agora, como é possível suportar todo o saber e todas as nossas experiências num único corpo físico sujeito ao tempo e numa vida tão curta. Seria preciso muito mais anos ou será que somos tão amaldiçoados que temos apenas que nos conformar com a nossa finitude e as nossas escolhas erradas?

D- Seria impossível. Uma existência física é um limite para realizar experiências que precisam ser contínuas, em outras existências. Isso acontece em todas as formas e sêres. Dormimos no Mineral, sonhamos no Vegetal, acordamos parcialmente no Animal e finalmente caímos em si no Hominal. E as crises continuam...

S- Difícil. Deus então seria totalmente racional? Ou melhor, o caminho é através da razão? Como fica a providência nesse caso, então?

D- Segundo os entendidos é a Razão, não a razão humana, cheia de lacunas e incompleta. Razão Plena. Somos uma imitação.

S- A Força, de Guerra nas Estrelas, por exemplo?

D- Providência são as leis da Natureza, intervenções espontâneas. A Lei do Amor e da Justiça são expressões da inteligência divina, provisões divinas para corrigir erros no percurso humano. A Providência ainda é incompreensível pela razão humana. As "fêmeas" compreendem, embora não saibam explicar. Elas são um ótimo exemplo de providência, enquanto os "machos" são exemplos de provisão. Aquele roteiro filmado por George Lukas é uma metáfora da lei da polaridade universal e quem também se manifesta no interior humano. No planeta Terra existe o mito dos Dragões se opondo ao Cordeiro, há muitos milênios.

S- O que é a suposta consciência da realidade, que leva ao livre arbítrio e etc?

D- Percepção do tempo. Se entendermos o tempo, assumimos o controle das circunstâncias. A maioria de nós  percebe o tempo de forma distorcida e não temos o controle das situações.

S- Percepção do tempo? O que vem a ser isso? O tempo a que estamos sujeitos?

D- Tempo biológico (cronológico) e tempo psicológico (mental). Kronos e Kairós dos gregos. A fusão desse dois tempos é a consciência.

S- Mas, quem é o senhor do momento oportuno? Nós ou a divindade? Isso causa muita frustração.

D- Creio que é a Divindade, enquanto nossa percepção for limitada. Ao ampliar a percepção a Divindade permite o amplo uso do livre arbítrio. Mesmo porque nesse processo contínuo cometemos tantos erros que seria impossível termos liberdade total de ação.

S- Trata-se então de ampliar a percepção. Mas essa ampliação não ocorre somente através do livre arbítrio? Então como atingir? Então a Divindade estaria sendo paternalista conosco?

D- Essa é uma imagem pedagógica criada por Jesus ou pelos tradutores dos Evangelhos. É uma imagem que se aproxima muito das tentativas humanas de compreender Deus. O tempo e a percepção que temos dele é chave do Universo. Einstein não veio ao mundo só para mostrar a língua.

S- Os próprios princípios da física quântica, a dualidade onda/partícula e a interferência da observação humana na formação da realidade. Mas, nada disso dá conta da imensa solidão que sentimos nessa terra insuportável e do silêncio da divindade. Do jeito que coisa anda nunca encontraremos Kairós e se encontrarmos não o reconheceremos. Toda a nossa vida, nossos propósitos, projetos, carreira e tudo o mais está orientado por Chronos. Ele é o senhor deste mundo: Chronos, o devorador.

D- Inexovável. Mas temos a mente, inviolável, exclusividade divina em nós. Não dependemos só do relógio. Temos a Bússola.

S- Acho que eu desanimei.

D- Você sabe que muitos assassinos (psicopatas) matam porque sentem a ausência da figura paterna ou materna, que também é incapacidade de compreender Deus. Incapacidade de amar. Os que se matam também sofrem essa crise. Matar a si é uma tentativa de matar Deus.

S-  Aí a crise já enveredou para a aniquilação do próprio ser. A impressão que dá é que fomos abandonados aqui e foi dito: se vira malandro, agora é com você. Tipo jogos vorazes sabe? Onde está o amor em tudo isso? Se formos analisar bem, este mundo é um absurdo total.

D- Adaptação. Quando Deus quer falar com o homem de forma mais dura, ele diz: Adapte-se! Assumir o comando da própria vida é isso.

S- Olha, Dalmo, não tenho dúvidas que essa experiência nossa aqui é muito enriquecedora. Seria maluco se não dissesse isso e jamais teria sentido o amor se negasse o fato. Mas, cara, como é duro.

D- A dor e o destino. Os doze trabalhos de Hércules.

S- Então, isso que é o ótimo da coisa. Mas é o medo que dá, a sensação de que a ponte é curta demais, que o bicho está te alcançando. Isso é que é foda. Vou te falar uma coisa, quando eu morrer e chegar lá não sei onde e tirar o espectro do meu corpo e ficar somente o espírito, direi a quem me receber: pô, meu, dá um tempo, a coisa toda é muito louca.

D- Dá um tempo.... Quanto tempo mais?

S- A eternidade, eu acho... kkkk

D- Se for preciso. Alguns dizem temos essa prerrogativa. Outros dizem que não.

S- Acho que o limite é a paciência. Será que é infinita como o amor ou são a mesma coisa. Acho que não né, senão não haveria apocalipse e outras ameaças.

D- Os chineses afirmam que a paciência é a mais difícil das virtudes. Levam-se milênios para se conquistar.


*Sidnei Malena é sociolólogo e advogado. Trabalhamos juntos em São Paulo como educadores na segunda metade década de 1980.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Lágrimas e soluços

As impurezas da mente podem ser afastadas pela meditação ou pelo exercício do pensamento positivo. Algumas impurezas do coração também podem ser limpas pelo perdão, a busca da alegria e o propósito de transformação íntima, pelo arrependimento. Entretanto, algumas delas, quando adquiridas em situações alta gravidade, só podem ser extintas pelas lágrimas e soluços, que durante as provas removem com força avassaladora tudo de mal que ficou gravado na memória e nos sentimentos de culpa. Esse é o sentido das bem-aventuranças, condição íntima não assimilada pela razão humana, porém profundamente compreendida pelas necessidades do Espírito exilado na carne.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A justiça do tempo


Em visita ao presídio do Carandiru no início dos anos 1970, Chico Xavier foi abordado por um detento que , segurando desesperadamente suas mãos, fez a seguinte comentário:

"Não tenho mais salvação. Vou para o inferno. Matei e prejudiquei muitas pessoas. Não tem mais jeito".

O médium fechou os olhos por alguns segundos e depois lhe disse:

 "Acabo de ser informado que já existe um plano de futuras existências nas quais muitos dos seus desafetos mortos voltarão com você à Terra e serão seus filhos".

 Feliz Natal!

 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Enterrado vivo

A novela Império revive a paranoia mais incômoda do século XIX. Isso mesmo: ser enterrado vivo era o principal medo da sociedade vitoriana. Os ricos planejavam túmulos ventilados e espaçosos para evitar a agonia claustrofóbica. Allan Kardec esclareceu o assunto na Revista Espírita e no livro O Céu e o Inferno, publicando a mensagem de um Espírito que tinha sido enterrado vivo. A entidade lembrava seus momentos de horror e também de culpa quando, em outra existência, também havia enterrado a mulher viva. Mais informações em Nova História do Espiritismo - Editora do Conhecimento.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Cidadãos do mundo

Moradores de rua são moradores do mundo. Seus lares internos ainda não permitem que suas casas externas sejam de tijolos e cimento e que tenham o endereço fixo dos bairros. Existe uma razão para que, na época de festas e de verão eles sejam atraídos para as praias: a de olharem para o infinito do céu e do mar. E não devemos ficar chocados porque simplesmente isso se chama esperança.

O que aconteceu com o Esperanto?

Durante décadas os espíritas sofreram uma intensa propaganda para aderir ao movimento esperantista, sobretudo pelas entidades federativas. A campanha incluía não somente artigos em jornais e revistas mas também trechos em livros psicografados mostrando que o idioma universal já era uma realidade no mundo espiritual.

Mesmo assim, com a globalização dos negócios capitalistas e do idioma inglês, a língua criada por Zamenhof ainda sofre grande resistência e continua sendo associado a uma utopia. 

No movimento espírita o Esperanto também não vingou, apesar dos intensos esforços dos seus cultivadores. 

O que vai acontecer com o Esperanto? 

Será que tem chances de se tornar um idioma universal? 

É uma possibilidade ou continuará sendo uma utopia, como indica o próprio nome?

Foto (Wikipédia): Encontro de esperantistas na Alemanha.

sábado, 22 de novembro de 2014

Diálogo fraterno


Diálogo no Facebook com alguém angustiado com o sentido da sua existência e que tem dúvidas sobre a sua missão na Terra.

- O que vc pode observar em mim. Dizem que sou médium

- Todos somos médiuns e donos do nosso próprio destino. A missão dos médiuns é ajudar o próximo dando de graça o que recebeu gratuitamente.

- Hum, mas eu sofro e sofri muito na vida. Ninguém me ajudou.

- O sofrimento faz parte da missão. É um treinamento para compreender o sofrimento dos outros. Só quem sofre pode medir um sofrimento alheio.

- Sim. Obrigada

-Nunca espere ajuda. Ajude sempre.

- Ok

- Paz e luz na sua tarefa.

- Difícil

- Facilidade só trás problemas.

- Será?

- Dificuldade trás soluções e forças.

- Meu Deus. Faça, por favor, uma vibração de paz para mim

- Sim, vou orar por você. Todos precisamos orar por nós e pelos outros.

- Amém

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Escola de Aprendizes do Evangelho em Cuba.


Um dos muitos grupos espíritas de aprendizes do evangelho em Cuba, orientado pela Aliança Espírita Evangélica, entidade federativa espírita fundada por Edgard Armond em 1973. O governo Cubano não se opõe à difusão do Espiritismo, que já era cultivado na ilha desde o século XIX por humanistas de todas as classes sociais. Foto enviada em 25 de setembro pelo Documentarista Edelso Junior, que aparece no canto direito da imagem.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Passes magnéticos padronizados



São Paulo, 1975, o Comandante Edgard Armond (foto extraída de um vídeo gravado por Jacques Conchon) explica à um  jovem médico e pesquisador os principais movimentos dos passes magnéticos padronizados “Pasteur”. A instrução fazia parte da transposição dessa pesquisa de Armond para um módulo do Curso de Médiuns da Aliança Espírita Evangélica. 

Os passes padronizados foram criados na década de 1940 na Federação Espírita de São Paulo, quando Edgard Armond elaborou um plano de ampliação de atendimento e educação doutrinária em massa na Capital paulista. O projeto tinha como fundamento a Assistência Espiritual por meio de passes e encaminhamento dos atendidos para a Escola de Aprendizes do Evangelho, onde ocorria a preparação e seleção de futuros voluntários da casa.

Para atender o crescente e enorme público que acorria à sede da FEESP, era necessário padronizar e agilizar o atendimento por meio de um método prático, de  fácil entendimento e aplicação. Armond explicou que a ideia foi desenvolvida em conjunto com o grupo de espíritos que atuavam no campo de curas, sendo o Espírito Pasteur uns dos principais colaboradores com conhecimentos de higienização mental e magnetismo, daí nome dados aos passes em homenagem ao grande cientista francês.   Essa experiência, descrita no livro Passes e Radiações (Editora Aliança), provocou na época uma reação negativa entre alguns confrades inseguros e conservadores que, desconhecendo os mecanismos e processos desenvolvidos na pesquisa e na sistematização, lamentavelmente confundiam os mesmos com rituais e práticas exóticas. Mesmo assim, os passes padronizados foram aplicados com grande êxito e serviram como base da expansão dos centros espíritas da Aliança Espírita Evangélica nas décadas de 1970 e 1980.

Juntamente com os passes, a Aliança aplicava no Curso de Médiuns conhecimentos de psiquismo e cromoterapia (por mentalização). Atualmente este método, bem mais simplificado e eficiente, continua em funcionamento em dezenas de grupos da Aliança, no Brasil e no exterior, bem como na FEESP.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

O Espiritismo e a teoria da conspiração.


Gravemente se iludem e se equivocam aqueles que pensam que o Espiritismo terá o amplo reconhecimento da humanidade. Muitas outras verdades advindas  de outras fontes do conhecimento também amargam o ostracismo exatamente porque ainda são vistas como sérias ameaças aos sistemas dogmáticos, construídos ao longo dos séculos para satisfazer os interesses da carne e não do espírito.  Ora, por que o Espiritismo seria acolhido pelas religiões tradicionais ou pelas academias filosóficas e científicas cujos propósitos de existência e ação se baseiam exatamente naquilo que os Espíritos Superiores denunciaram como mentira e ilusão? Não sejamos ingênuos em pensar que aqueles que vivem de aparência e de coisas supérfluas se atirarão de peito aberto para os postulados do Espiritismo. Somente os que estão em crise existencial ou que sofreram os graves danos morais da existência ou ainda os que são movidos pela humildade e pela boa vontade, poderão acolher as ideias espíritas em sua significação maior. Também não é a novela, o livro, o cinema ou qualquer tipo de arte de popularização que vai promover o Espiritismo como fenômeno de sucesso e reconhecimento pelo qual tanto anseiam os mais afoitos e deslumbrados que frequentam as nossas lides. Ninguém gosta de ser doutrinado sem que antes haja uma necessidade íntima latente e que em determinadas circunstâncias rompe os preconceitos e obstáculos consequentes.  Os que combatem o Espiritismo pelos meios rasteiros e mesquinhos (fingindo ignorá-lo) são os mesmos que sabem da sua alta potencialidade transformadora e ainda assim persistem no jogo de interesses da matéria que asfixia as coisas do espírito. Os espíritas de verdade não devem se  iludir  com essas falácias e miragens da fama porque sabem realmente o que é o mundo das causas e o mundo dos efeitos. Não podemos comprometer a nossa doutrina cuja essência é a libertação mental com as coisas que aprisionam o espírito ao corpo e às concepções limitadoras. Sejamos atrevidos mas não olvidemos a discrição quando esta for necessária.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Revolução iniciática no movimento espírita e outros temas

Entrevista com Dalmo Duque dos Santos feita pelo documentarista Edelso Junior sobre a revolução iniciática no movimento espírita e seus efeitos sociais.









Os vídeos divididos em quatro partes estão publicados no Youtube e no blog CULTURA ESPÌRITA.

http://culturaespirita.wordpress.com/entrevistas/


PRIMEIRA PARTE
https://www.youtube.com/watch?v=QccYPlwHUa8


SEGUNDA PARTE
https://www.youtube.com/watch?v=Q8aY_6av_8M


TERCEIRA PARTE
https://www.youtube.com/watch?v=aNHrD3V2zWE

QUARTA PARTE
https://www.youtube.com/watch?v=pkKkd2P5QLI&feature=youtu.be



domingo, 15 de junho de 2014

A pureza do olhar sobre as coisas espíritas


Como estamos construindo e aplicando a ideia da identidade, da essência e das características das coisas espíritas e não espíritas?

Como fica o absoluto e o relativo nessa discussões?

Será que realmente sabemos o que somos?

O critério "absolutamente espírita" exclui todos os livros e práticas que não sejam de autoria de Allan Kardec, o único - em tese - autorizado a dizer o que é o que não é espírita.  Todos os demais, segundo esse critério, estão "contaminados" (expressão derivada em oposição à pureza) pela ótica pessoal dos seus autores sobre a doutrina criada por Kardec. 

"Pureza" doutrinária é uma expressão que deveria ser banida do nosso movimento, porque nenhuma pessoa, núcleo ou instituição pode se afirmar segura e doutrinariamente pura. Nem Kardec sustentou ou sustentaria essa tese absoluta de pureza, já que permitiu e discutiu, por exemplo, introdução da doutrina cristã (oriental, judaica e romanizada) no movimento espírita nascente. Pelo contrário, ele sempre promoveu o diálogo e o convívio com outras formas de pensamento.

Penso que o termo pureza é sectário, inadequado e exclusivista, para não dizer arrogante.

Deveríamos encontrar e aprender outras formas de dizer o que somos e quem somos, sem demonstrar insegurança, preconceito e presunção.

O Espiritismo já é puro por si mesmo. Impuros são os espíritas com suas manias, neuroses, complexos e incertezas.

domingo, 8 de junho de 2014

Orar e fechar os olhos.

O Brasil não precisa de orações. O Brasil precisa de seriedade e compromisso. De que adianta fechar os olhos e orar e no outro dia continuarmos com os olhos fechados para o senso de justiça e solidariedade para com os mais fracos e desajustados?

De que adianta vibrar pelo Brasil quando vibramos contra as boas ideias e realizações somente porquê elas foram feitas pelo partido ou pelo político que não é do nosso gosto pessoal?

Para quê orar pela ordem e harmonia se pessoalmente compactuamos com campanhas pessimistas e que somente causam males para a sociedade?

O Brasil não precisa de orações nem mensagens do Além. Precisamos é ler e praticar os livros que vieram do Além há muitos anos e que, no entanto, não levamos a sério em nosso dia a dia. Não precisamos de orações nem de mensagens e sim de coragem, de iniciativa, de honestidade de consciência sobre as coisas que fazemos dentro e fora do movimento espírita. Nosso destino e nossa história é feita pelas nossas escolhas e não pelas mudanças de opiniões, desejos mágicos e intervenções de seres que estão hierarquicamente acima do nosso grau de evolução.

Deixemos de lado as nossas superstições e impressões infantis sobre o mundo e atentemos mais para as nossas responsabilidades do livre-arbítrio.

Não vamos abandonar o nosso hábito de orar, porém não vamos banalizar a lei de adoração para justificar as nossas irresponsabilidades.

domingo, 1 de junho de 2014

O sistema, ora o sistema...


Os sistemas – inspirados nas concepções e crenças que temos sobre a Natureza e o Universo – são criados para explicar e provar as coisas que não entendemos. Quando ocorre a explicação e a prova, não é mais necessário, nem conveniente, que os mesmos sejam invertidos na sua função de meios para que sejam mantidos com fim; mesmo porque nenhum paradigma é definitivo e nenhuma verdade é absoluta.

As visões de mundo se sucedem desde quando vivíamos em cavernas e foram caindo, uma após outra, diante das nossas crises íntimas e das descobertas de novos fenômenos. Da antiga concepção de mundo plano, único e redondo, passamos ao plural; e agora, diante do novo complexo, tivemos que abrir mão de crenças e valores, sob o risco de pararmos no tempo e no espaço da ignorância e do obscurantismo.  

O Espiritismo, como sistema, já foi explicado e provado. Insistir na sua prática como como tal e principalmente como finalidade é dogmatizá-lo num processo de asfixia, dando abertura perigosa ao fanatismo, disputas de poder e abusos institucionais.

A única forma de permanência e unidade do Espiritismo não está, definitivamente, nos livros, estatutos nem nas organizações e métodos sistematizados, mas sobretudo na consciência dos espíritas.

PS.
Isso é uma mensagem mediúnica ou uma dissertação do próprio autor?

Penso que fui eu, mas sei que pode não ter sido eu, nem confio que tenha sido eu. O que importa, seja quem for, é que pensa como eu.

A reencarnação de Emmanuel


A reencarnação de Emmanuel no interior de São Paulo deveria ser motivo de alegria e não especulação e dúvidas, pois, segundo ele mesmo gostava de enfatizar, essa identidade permaneceria oculta por força da natureza e do bem do próprio Espírito e da sociedade onde ele vai atuar. Confiemos.

IDENTIDADE
Um dos princípios da lei da reencarnação é o direito de ocultação da identidade e consequentemente a inviolabilidade dessa espécie de segredo da Natureza, como forma de preservar a transformação ou ressurreição do Espírito que passa pela nova experiência de existir e resgatar seu verdadeiro ser. Esse é o motivo pelo qual devemos sempre desconfiar de revelações sobre reencarnação das pessoas, sobretudo de personalidades famosas. Muitas vezes tudo não passa de equívocos tolos e pura especulação. Moral da história: existe, é real, mas não é brincadeira de adivinhação.

O pastor e a Xuxa


Todo aquele que julga e acusa pelo moralismo (exagero da moral) não é de confiança nem merece credibilidade. Eu acho que ele (o pastor) errou ao cometer uma grave acusação anticristã. Julgar, acusar e condenar uma pessoa pelo seu passado vai contra todas as leis de Deus, pois nega o perdão e a possibilidade de regeneração. Esse julgamento contra a Xuxa não passa de inveja e fanatismo de pessoas que usam a Bíblia para pregar o ódio e o preconceito. Não são pessoas dignas de pregar o Evangelho, que é demonstração de amor e superioridade moral. Todo moralista é suspeito, por ter o coração impuro e enganador; ataca para esconder suas taras e fraquezas. A Xuxa é uma artista, sempre foi. Seu sucesso é fruto do seu mérito pessoal e não como pensam os invejosos que a tudo atribuem aos mitos as coisas que não aceitam e não sabem explicar. Parece que o pastor reconsiderou o julgamento.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

FEB adota postura dogmática em campanha contra o suicídio



A Campanha pela Vida, da Federação Espírita Brasileira, infelizmente, contém um grave erro de abordagem no opúsculo sobre o suicídio. O mesmo pode ter ocorrido também no tratamento de comunicação dado no material de propaganda sobre eutanásia e aborto, assuntos tabus nas culturas religiosas e que precisam ser revistos com urgência, em nome do bom senso. (http://www.febnet.org.br/blog/geral/divulgacao/midias-espiritas/ultimas-noticias-midias-espiritas/defesa-da-vida-20-anos/)

Ao adotar uma postura de propaganda doutrinária condenatória - que não dever ser confundida com o pensamento doutrinário da entidade -  a FEB foi socialmente indelicada e ameaçadora ao se dirigir às pessoas com transtornos mentais que passam por esses problemas. Isso não é recomendado e seguro de acordo com  os manuais da OMS (Organização Mundial de Saúde) nem das entidades de prevenção que possuem larga experiência no assunto. A prevenção do suicídio por meio de comunicação, por exemplo, não se faz com a condenação do ato e sim com muito cuidado e respeito aos sentimentos dos suicidas em potencial. Mesmo não concordando com o gesto, não se pode condenar nem fazer proselitismo religioso e doutrinário sobe o sofrimento das pessoas que estão momentâneamente perturbadas. Os Samaritanos de Londres e o CVV no Brasil -  ambas de origem religiosa e há mais de 50 anos lidando com essa questão – mudaram radicalmente suas abordagens, reconhecida por por eles como  preconceituosas, exatamente porque perceberam esse grave erro.  Condenar o suicídio é uma prática histórica das religiões dogmáticas e isso só tem piorado a situação e as estatísticas de autodestruição. Suicídio e aborto são ações carregadas de alta carga de culpa e precisam ser tratadas de forma contextualizada e não apenas cultural. Existem, por exemplo, razões e situações inconfessáveis que levam  às pessoas ao suicídio e que nenhuma religião ou doutrina filosófica conseguem neutralizar com suas dissertações morais. Um caso real ocorrido no CVV (relatado na revista Veja) revelava que um adulto idoso que abusava sexualmente dos netos optou pelo suicídio por acreditar que seus atos não tinham justificativa nem perdão e que morrer seria a única solução possível, pois não poderia compartilhar isso com a sua família  e com a sociedade. Essa combinação de pedofilia e suicídio jamais seria aceita pela religião e pela sociedade com seus códigos condenatórios.

Esse material publicado pela FEB repete a posição moralista da religiões dogmáticas e não progressivas. Reafirma - repetimos, como propaganda e não como doutrina) também um grave tabu social. Antes de publicar deveriam ter ouvido os especialistas (psicólogos e psiquiatras), bem como instituições experientes e que sabem como lidar com o assunto. Recomendamos que o material seja recolhido e revisado, antes que produza mais efeitos nocivos do que preventivos.

 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Evangelhofobia ou anti-adoração

Transtorno comportamental adquirido por efeito de imposição social das religiões dogmáticas ou de perseguições cruéis da Inquisição.  Muitos judeus e antigos livres pensadores geralmente sofrem disso e sentem um mal estar só ouvirem falar do nome de Jesus, pois foram os mais "judiados" pelos fanáticos cristãos durante a Idade Média. O "crê ou morre" dos jesuitas e do Santo Ofício também deixou marcas profundas nesses espíritos.

Muitos evangelhofóbicos permaneceram divorciados da fé por muitos e muitos anos e no século XIX viram a possibilidade de rever seus conceitos e sentimentos de forte rejeição da espiritualidade com o advento do Espiristismo, doutrina que abraçaram sob a aparência da curiosidade, mas intimamente com o sabor da esperança de estabelecer um possível vínculo com a Lei de Adoração.  Já nos primeiros tempos do Espiritismo, quando percebiam que a doutrina também atraía os segmentos da cristandade, por identificação de principios morais  e raízes históricas, reagiam de forma racional-fundamentalista tentando proteger, talvez, a última gota de fé que lhe restaram no mundo íntimo, depois de tantos sofrimentos, humilhações e injustiças. Ferida aberta que vai demorar para ser cicatrizada. Em algumas situações eles identificam, inconscientemente, no movimento espírita, alguns dos seus antigos algozes, hoje ocupando posições de destaque nas instituições e na cultura espírita. Aí a coisa pega.

Ps. Nem todos os casos de fobia ao Evangelho e à Lei de Adoração são traumas, mas imitação e identificação intelectual e defensiva com verdadeiros e históricos Espíritos traumatizados.

domingo, 4 de maio de 2014

Luciano desencarna sem publicar o livro sobre André Luiz


Luciano dos Anjos com  André Luiz (o segundo ou terceiro com o mesmo nome), funcionário da creche instalada na antiga casa de Faustino Esposel.

Desencarnou ontem (3 de maio) o confrade Luciano dos Anjos, jornalista e ativista espírita que dispensa apresentações. Voltou para sua colônia espiritual sem publicar sua última e mais aguardada obra, que tratava da verdadeira identidade do Espírito André Luiz e que ele revelava ser Faustino Esposel, médico carioca que, entre outras coisas, foi entusiasta do futebol e presidente do C.R.  Flamengo no início do século XX. Essa tese de Luciano contaria todas as afirmações e especulações sobre esse assunto, sobretudo a afirmação de que André Luiz seria o sanitarista Carlos Chagas, a partir de uma gravura supostamente elaborada a partir de uma descrição feita por Chico Xavier. Luciano  negava a informação sobre Chagas, dizendo ter sido um equívoco admitido pelo próprio Chico. O jornalista de 81 anos estava com a obra praticamente finalizada, adiantou para os amigos alguns trechos de capítulos (nós recebemos esse material) e prometia um lançamento muito breve.  Pelo que constatamos em seus releases, a pesquisa era detalhada e abrangia muitos aspectos da vida de Esposel e sua ligação com os relatos feitos por André Luiz, principalmente no livro Nosso Lar. Luciano segurou o lançamento o quanto pôde e não sabemos por qual motivo. Se foi pela especulação editorial, acertou em cheio, pois autores "mortos" valem muito mais. Foi esperto e foi embora junto com Gabriel Garcia Marques, com quem certamente não tinha nenhuma afinidade literária, mas cujo realismo fantástico bem que serve como analogia ao evento revelador da identidade de André Luiz. Será que Luciano conseguiu finalmente contradizer o prefácio de Emmanuel sobre essa polêmica?

A proposta educativa de Jesus e do Espiritismo


Embora usemos comumente esse termo "pedagogia" como uma ação educativa genérica,  podemos  e devemos lembrar que Jesus não praticava a pedagogia. Ele fazia o inverso, que era a andragogia. Seus ensinamentos não se dirigiam à existência física, linear e horizontal (posição dos animais), e sim à consciência metafísica, não linear e vertical (posição ereta dos seres humanos em transformação mental). Na pedagogia privilegia-se os sentidos e o intelecto (habilidades efêmeras); na andragogia o alvo são as competências definitivas. Verticalidade e horizontalidade dizem respeito ao nosso domínio mental da lei da gravidade. Esse é o sentido de jugo e libertação na proposta educativa de Jesus e também do Espiritismo. Jugo pesado e jugo leve são metáforas desses saberes do Espírito, mesmo quando está preso na carne.

O Evangelho não é pedagógico. Nem o Espiritismo. Ambos são andragógicos, quando se fala de educação ou mudança de comportamento.  

O que fazemos hoje com o Espiritismo é pura instrução, cujo alvo é apenas intelectual e existencial.  Deveríamos, segundo essa observação de Allan Kardec, fazer educação, visando atingir a consciência, base da transformação moral. Mudar o pensamento é simples e basta instruir; mudar os sentimentos e as ações é mais complexo e exige outras formas e técnicas  educativas, ou seja as aprendizagens vivenciais.


Pedagogia e Andragogia eram conceitos utilizados na Grécia antiga respectivamente para o ensino de crianças (mentes infantis e imaturas) e adultos (mentes maduras), não importando muito a questão da idade cronológica e sim a idade psicológica. A Escola de Pitágoras (iniciática e seletiva) trabalhava com o dois conceitos, simultaneamente. Já as escolas filosóficas convencionais só usavam a pedagogia, pois concentravam-se apenas no intelecto e nos interesses externos ao indivíduo. Uma coisa é ensinar para as coisas da vida e outras é ensinar a refletir e se conduzir sobre as escolhas que fazemos na vida. Viver por viver é diferente de viver com propósitos superiores ao comum. Os pedagogos gregos que foram escravizados pelos romanos não conseguiram ou não quiseram transmitir essa diferença essencial educativa para nova civilização que os subjugaram. Roma não aprendeu a educação andragógica. Estava interessada apenas em instrução técnica, política e militar.  Jesus ao falar para as massas era pedagógico e genérico, mas ao escolher e treinar seus discípulos ou então quando fazia abordagens pessoais, era específico e usava o método andragógico. Ele foi selecionando naturalmente os mais maduros e apenas tolerando os imaturos (Judas, por exemplo), confiando que o livre arbítrio poderia um dia despertá-lo no tempo propício do seu ritmo pessoal. 

As parábolas de Jesus eram sempre andragógicas. A parábola do semeador é a essência da andragogia. 

Nesse aspecto também os gregos usavam a metáfora do "tempo de aprender" os ritmos da aprendizagem : kronos, para as coisas do corpo ou existência; e kairós, para as coisas da mente e da consciência. Isso era simbolizado pelo relógio (extroversão) e uma bússola (introversão).

Allan Kardec, por exemplo, ao tomar contato com os fenômenos espíritas e suas repercussões internas e externas,  saltou de kronos para kairós em apenas 14 anos. Era maduro intelectual e espiritualmente.

Como vemos os ídolos


Incluindo os da minha crença e filosofia de vida.
Senna não foi somente alguém sempre feliz e invulnerável. Era também um pessoa triste e deprimida. Apesar das festas e celebrações, da riqueza e badalações com mulheres lindas e amigos famosos, sempre deixou escapar um olhar vago e solitário, que provavelmente escondia as questões íntimas terríveis que todo ser humano tem. A busca dessa profissão de alto risco pode ter sido uma forma de encontrar a morte de uma forma inconsciente. Isso é muito comum em espostes perigosos. Era um ser humano como outro qualquer cujo heroísmo imaginário serviu e serve para embalar sonhos e fantasias das massas carentes de bons exemplos. A trajetória de Senna não tem sido dele em si, mas dos outros: das namoradas, dos parentes, dos jornalistas e bajuladores, da fortuna que ele deixou, dos projetos e produtos que exploram sua imagem, dos apaixonados por corridas e tecnologias. Não se trata de "missionário" ou "herói", como querem e insistem os fanáticos pela sua cultuada aparência de bom rapaz e vencedor. Foi apenas um espírito, imperfeito como todos nós, em luta contra si mesmo. É que penso sobre Ayrton Senna da Silva. 
Vejam esse vídeo de 56 segundos: https://www.facebook.com/photo.php?v=735943589802424&set=vb.169983389731783&type=2&theater

sábado, 3 de maio de 2014

Muito bem, obrigado.

O Movimento Espírita vai muito bem, sempre foi e vai continuar realizando sua obra silenciosa e eficiente, não por nossa causa exclusiva nem por causa desses sacerdotes das trevas, delinquentes e desiludidos, semeadores da confusão e da dúvida; em sim pela ação dos espíritos sérios e superiores.

A agremiação dos adversários é vasta e tem representantes fiéis infiltrados em nossas lides, sempre dando shows de revelações fantásticas, curas milagrosas e escândalos mediáticos.

Isso sempre foi sinal de que o Espiritismo incomoda e muito.

Na época de Kardec já existia a seita do Espírito Único, cujo objetivo era atrair os preguiçosos admiradores de oráculos e confundir a opinião pública.

Vem mais por aí. Aguardem.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ataques a obras e autores


As obras espíritas que mais recebem ataques, principalmente dos próprios espíritas, não são somente as que fazem sucesso e sim as que são mais eficientes na transformação do comportamento e na moral das pessoas.
Geralmente os ataques partem de intelectuais que, por afinidade mental e vaidade, servem como instrumentos dóceis aos inimigos ocultos da Doutrina.
Os campeões de ataques, por ordem histórica são: O Evangelho Segundo o Espiritismo; a coleção André Luiz; as obras de Edgard Armond sobre Evangelização e formação de médiuns; as obras de Ramatis analisando o comportamento dos espíritas e as práticas mediúnicas de correntes afro-indígenas; as obras de Zíbia Gasparetto, de grande penetração popular.
Lembrando que Kardec questionava sem atacar e denegrir, apenas levantando pontos discutíveis, sem suscitar julgamentos e propaganda de perseguições ideológicas.
 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Encontro casual em Paris

George Sand (Aurore Dupin), escritora, crítica de teatro, feminista, lésbica. Viveu no século XIX e foi durante alguns anos companheira afetiva de Chopin.
 
Reza a lenda que foi a primeira pessoa que recebeu das mãos de Allan Kardec um exemplar inédito de O Livro dos Espíritos, num encontro casual nas ruas de Paris, na manhã de 18 de abril de 1857. A escritora, que era antiga amiga do Prof. Rivail, recusou educadamente o presente, dizendo não ser digna de tamanha honra, pois se tratava de uma joia que a sua personalidade polêmica iria ofuscar.
 
Cem anos depois, no mundo espiritual, George Sand reencontrou Allan Kardec, no mundo espiritual, durante as comemorações do centenário de lançamento do livro base da Doutrina Espírita.

O Paracleto


No século XIX entramos numa profunda crise existencial e passamos a duvidar de tudo e de todos. Nietszche matou Deus e inventou o Super Homem. Marx destruiu o encanto místico e todos nós passamos a duvidar da imortalidade.
Mas no Mundo Oculto havia uma grande conspiração para sacudir o planeta e as bases do materialismo. Era uma invasão organizada dos Mortos denunciando a vida além túmulo. No mundo inteiro, a partir de 1848, ocorreram fenômenos assustadores nos quais as paredes tremiam e as pedras falavam. As mesas passaram girar quando as pessoas se reuniam de mãos dadas para investigar esse grande mistério.
 
Era o Paracleto.
 
Em Paris, um grupo de artistas e intelectuais entregaram para o Prof. Rivail um caderno com relatos de todas essas coisas estranhas que eles presenciaram; e pediram a ele que fizesse uma investigação científica e uma síntese dessa nova realidade.
 
Em 18 de abril de 1857 Rivail concluiu seus estudos e publicou a obra que iria modificar definitivamente as relações entre a Terra e o Céu, entre o Homem e a Natureza e entre as criaturas e o Criador.
 
São 1019 perguntas e 1019 respostas sobre todas as coisas que sempre desejamos saber sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
 
O Prof. Rivail tornou-se Allan Kardec e o antigo Livros dos Mortos do velho Egito tornou-se o Livro dos Espíritos, um novo guia das almas para decifrar os mais profundos enigmas do Universo.