terça-feira, 30 de agosto de 2011

Livros e médiuns



Sempre que alguém nos questiona sobre a qualidade ou seriedade de algumas obras mediúnicas ficamos constrangidos e até mesmo sofremos ao ter que dizer algumas coisas que achamos que devem ser ditas, pela comparação inevitável, mesmo correndo o risco de parecermos arrogantes e injustos.


Eis, por exemplo, a causa da solidez e credibilidade da obra de Allan Kardec ou do médium Francisco Cândido Xavier.


Existem certas coisas que já foram ditas de forma tão clara e precisa que não precisam ser repetidas, como se as novas gerações fossem incapazes de compreender algo que tão bem compreendemos quando fomos tocados por essas luzes. As obras revolucionárias adquirem com o tempo não somente o caráter singular que já trazem intrínsecas, mas a fama e o prestígio, que é uma decorrência natural das rupturas que elas provocam. Por isso são revolucionárias. Elas brotam de mentes que estão frente do seu tempo e não raro quando levadas a público, seja qual for o segmento, provocam uma inquietação, que nada mais é do que o estremecimento das coisas que já existem acomodadas e aceitas como realidade dominante. Os que mais sofrem com essas provocações naturais não são os conservadores, pois estes já aguardavam ansiosamente tais mudanças; nem os reacionários, pois estes têm a coragem de expor publicamente suas impressões, se livrando psicologicamente do mal estar causado por esse contato doloroso. Os que mais sofrem com a revolução são os medíocres. Estes, coitados, são atingidos em cheio em seu orgulho, cujo ferimento torna-se uma infecção prolongada, como uma ferida aberta que não assimila os princípios da regeneração porque sempre recusa a cura, por não admitir que está doente. Foi nesse sentido que o Espírito Verdade se referiu à Doutrina dos Espíritos e suas implicações sobre o psiquismo daqueles que se sentem confusos diante dessas coisas desconcertantes.


Essa tem sido a trajetória das obras mediúnicas e de alguns médiuns que se dispõem a servir de veículos dessas informações revolucionárias. Além das reações naturais diante da sua obra, surgem os medianos que , ainda sem rumo em suas realizações, logo encontram o caminho da imitação e repetição das coisas que acreditam poder dar-lhes a mesma sensação de admiração e respeito que não encontram por conta própria. E se afundam cada vez mais nessa necessidade de copiar, ou melhor, na incapacidade de se reinventarem. Alguns tornam-se, pela inveja incontrolável, verdadeiros auto-obsessores. Querem a todo custo ser reconhecidos por um talento que não existe e cultivaram como uma perigosa fantasia missionária. Não se contentam com o serviço simples do operário humilde. Querem pular etapas da evolução e galgar os altos postos de destaque, sem antes desenvolver a experiência natural do brilho adquirido pelo esforço e pelo sofrimento. Depois, profundamente magoados e feridos,não entendem nem compreendem o motivo da desconfiança e indiferença que temos diante das coisas comuns e já desnecessárias que eles, ao contrário, consideram obras-primas da sua revolução pessoal. Enganam por algum tempo, mas não conseguem enganar o tempo todo. Não passa disso.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Alice Sebold


Há alguns meses comentamos o filme Um olhar do Paraísoe simplesmente esquecemos de falar da autora da obra que deu origem ao filme. Trata-se de Alice Sebold, novelista norte-americana que escreveu The Lovely Bones ( Um olhar do Paraíso ou Visto do Céu), cuja obra foi adaptada para o cinema pelas mãos do diretor Peter Jackson. Quando analisada pelo ótica espírita, essa história intrigante do assassinato de uma adolescente por um vizinho maníaco não fica apenas na técnica da narrativa literária. É um relato que sempre nos faz questionar que tipo de talento e percepção tem esses escritores ao desenvolverem tramas com tamanha realidade e profundidade espiritual. Alice é certamente uma dessas médiuns que, mesmo quando não são inspiradas por uma inteligência externa, têm a capacidade de sintonizar e captar histórias incríveis, que ligam estranhamente os mundos aparentemente opostos do espírito e da matéria. Coisas também aparentemente inexplicáveis se revelam, ainda que numa linguagem simbólica, e repercutem de forma confusa perturbadora nas mentes comuns, porém com significados claros e impressionantes nas mentes abertas para a vida além da física.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

NOSSO LAR segue seu caminho



A rede Telecine está exibindo neste mês o filme Nosso Lar, com roteiro adaptado do livro de André Luiz/Chico Xavier. O texto foi escrito há mais 60 anos, logo após a Segunda Guerra Mundial. Jáder Sampaio entendeu que o filme deveria se chamar André Luiz e não Nosso Lar, pois o roteiro concentrou-se mais na experiência pessoal do personagem narrador do que propriamente na descrição da colônia. Observação acertada. Talvez essa tenha sido a solução mais viável em termos de roteiro e produção, considerando os limites de orçamento. O ideal seria que o filme tivesse no mínimo mais duas partes que pudessem mostrar o perfil e o caráter da colônia e somente então acenar para a sequência em série falando de cada um dos ministérios e sua relação teórica com a Doutrina dos Espíritos. Teríamos então Os Mensageiros como uma ilustração dramática de O Livro dos Espíritos e seu desdobramento natural em O Livro dos Médiuns. Esse primeiro filme provou que roteiro espíritas são viáveis e também um bom negócio para os produtores e investidores. Quando Nosso Lar for exibido na tv aberta, provavelmente na Rede Globo, acontecerá o impulso decisivo nesse mercado e a confirmação de que essa obra literária de André Luiz poderá ser finalmente materializada dentro dos melhores padrões cinematográficos e exibida ao grande público. Rubens Ewald Filho observou que a escolha do ator Renato Prieto para o papel de André Luiz não foi acertada e disso deduzimos que isso possa comprometer as futuras produções seqüenciais. Veremos se o crítico tem razão ou não sobre esse aspecto. O filme Nosso Lar pode ser visto no TELECINE PIPOCA (Qua, 31/08 às 00h20 Qui, 01/09 às 14h35) e no TELECINE PREMIUM ( Dom, 21/08 às 22h00).


Mais informações: http://nossolar-ofilme.blogspot.com/

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ateus reclamam contra o preconceito

Ateus fazem campanha para mostrar que são vítimas de preconceito . “Somos a encarnação do mal para grande parte da sociedade”, diz presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA)

Danielle Nordi, iG São Paulo 29/07/2011


A campanha era para ser veiculada na parte traseira dos ônibus, mas empresas de São Paulo, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre se recusaram a fazê-lo. A saída foi utilizar outdoors. Pelo menos em Porto Alegre, que desde o começo do mês é a primeira cidade brasileira a exibir uma campanha que defende o ateísmo.


Afinal, o que há de tão problemático com os anúncios? De acordo com Daniel Sottomaior, presidente da organização responsável pela campanha, o que incomoda é o conteúdo. Ele diz que as mensagens foram feitas com o objetivo de conscientizar a população de que o ateísmo pode conviver com outras religiões e não deve ser encarado como uma deficiência moral. “Todos os grupos que sofrem algum tipo de preconceito procuram fazer campanhas educativas para tentar minimizar o problema. Foi o que fizemos”, afirma.


Diante das mensagens veiculadas nos outdoors, as reações foram variadas. “Foram interpretadas como provocação por alguns grupos religiosos. Além disso, muitos acharam de mau gosto ou preconceituoso. Acho que isso foi coisa de quem não entendeu ou não quis entender”, diz. Daniel diz que seu objetivo é mostrar que ser ateu é difícil. “As pessoas ficam chocadas quando você revela que não acredita em um deus. Muitos chegam a perder emprego e, principalmente, amigos”.

Punição

Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.
No Brasil, um país laico, a intolerância pode aparecer nas situações mais improváveis. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva perdeu um filho de dois anos, atropelado. Diante do sofrimento da família no velório da criança, Vera escutou uma frase que a deixou bastante magoada. “Uma amiga me disse: ‘Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé?’. Isso apenas reforçou minha convicção de que eu não queria acreditar em nenhum deus que pudesse levar o meu filho inocente”, revela.


Apesar de tudo, Vera afirma que não se perturba com comentários acerca de sua escolha. “Acho natural que uma pessoa religiosa queira demonstrar sua fé. Entendo e convivo com pessoas bastante religiosas sem problema algum. Só não gosto quando ficam argumentando sobre o quanto é maravilhoso acreditar em Deus. Tenho direito a ter minha crença pessoal.Ou a falta dela.”


Daniel diz que atitudes como estas, vindas de amigos e familiares, fazem com que ateus não “saiam do armário”. Ele afirma que esta expressão, usada inicialmente para descrever homossexuais que ainda não se assumiram, encaixa-se perfeitamente no momento pelo qual o ateísmo vem passando. “Estamos atrasados uns 30 anos em relação à luta contra o preconceito, se compararmos com homossexuais ou negros. Sou bastante cético, mas tenho a esperança de que possamos alcançar o mesmo patamar daqui a algumas décadas”, revela.
Exagero


Há quem veja afirmações como as dada por Daniel como exagero. O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), considera ações como as desenvolvidas pela ATEA como marketing. “O preconceito diminuiu muito, principalmente nos meios universitários e empresariais. Acho a comparação de ateus com negros e homossexuais um exagero. Tem um pouco de marketing aí”.

COMENTÁRIO DO BLOG

Deísmo e ateísmo são ideologias idênticas, ou seja, ambas tentam explicar o que não se explica com argumentos emocionais nem racionais. A lei de adoração, que é uma lei natural,espontânea, sempre provocou comportamentos extremistas, que é um desequilíbrio do próprio ser humano diante das coisas existentes, porém aparentemente incompreensíveis. A propaganda revela isso quando mostra que Hitler acreditava em Deus e Charles Chaplin era ateu. Ledo engano. Hitler tinha uma visão distorcida de si mesmo e confundia essa visão como o próprio deus que talvez achasse que era ele mesmo. Isso não era deísmo. Chaplin provavelmente sabia da nossa incapacidade de definir e compreender esse assunto e considerava infantil e limitada essa concepção judaico-cristã divindade. Isso não é ateísmo. Mas é justo que os ateus tenham o direito de pensar, expressar e agir, como fazem o chamados crentes. Os incomodados que se cuidem nas suas crenças frágeis e contraditórias. As provocações também são uma reação natural ao preconceito. Mesmo entre os crentes ainda existe uma questão a ser definida: afinal, Deus é alguém ou alguma coisa? O certo é perguntar "Quem é Deus? " ou "O que é Deus?"