domingo, 30 de janeiro de 2011

Usuários e apologistas das drogas fazem protesto contra homeopatia


Ingerir em público uma “overdose” de medicamentos homeopáticos foi a forma encontrada pelos usuários e defensores de drogas medicinais para protestar contra a prática da homeopatia. Um protesto ao contrário certamente seria um suicídio coletivo, já que os medicamentos alopáticos são reconhecidamente drogas vendidas legalmente em estabelecimentos denominados “drogarias”. Já os homeopáticos, conhecidos pela sua leveza e atuação gradual no organismo humano não são associados a drogadição (uso de substâncias químicas). O protesto dos alopatas autodenominados “céticos” vai acontecer em 53 cidades de 25 países e a intenção dos organizadores está focada no desperdício de recursos financeiros numa prática que, segundo eles, não tem bases científicas comprovadas e nenhuma utilidade medicinal. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, no Brasil o protesto vai acontecer em três capitais: São Paulo, Porto Alegre e Natal , no dia 5 de fevereiro, às 10:23h. Na capital paulista o protesto será realizado na Praça Benedito Calixto, conhecido ponto de eventos culturais na região de Pinheiros e Vila Madalena.

Não se sabe, mas pelo estilo e estratégias adotadas no evento, pode ser que o gesto político seja a reedição histórica de uma antigo debate corporativo entre homeopatia e alopatia, no Brasil ambas reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, com os tradicionais mecanismos de acusações e perseguições contra as terapias alternativas. Pode ser também que o evento tenha vínculos com a poderosa e lucrativa indústria farmacêutica alopata, que está de olho nas verbas públicas, em vários países, destinadas a oferta de consultas e medicamentos homeopáticos. Assustados com os efeitos bruscos e a dependência causada pelos remédios alopatas, principalmente os anti-depressivos, muitos usuários buscam a ajuda de médicos homeopatas, bem como de terapeutas alternativos, para tratamento de desintoxicação e dependência.

A auto-denominação dos organizadores como “céticos” também é , ao nosso ver uma tentativa de polarização do assunto no antigo conflito ciência versus religião, na verdade um conflito de dogmas de ambas as partes, já que as duas em muitos casos defendem agressivamente verdades absolutas que nada mais são do que paradigmas provisórios. A homeopatia foi associada ao movimento espírita não pelos vínculos da religião, mas por ser uma forma nova e alternativa de cura e assistência social. O magnetismo, que se tornou uma prática espírita, o socialismo, assim como a ciência espírita representava num mesmo contexto a possibilidade de um novo paradigma de conhecimento e uma nova sociedade. Muitos médicos adeptos da filosofia espírita tinham simpatia por essas novidades também porque o próprio Espírito Hahnemman foi um dos articuladores dos textos doutrinários do Espiritismo. Segundo o Doutor Silvino Canuto Abreu, médico homeopata e historiador espírita, no Brasil esse vínculo tornou-se histórico e já conflituoso com as elites locais quando, em 1840, o francês Benoit Mure fundou um instituto homeopático no Rio de Janeiro e mais tarde tentou implantar uma colônia socialista em Santa Catarina. Nas biografias de Mure, consta que o médico francês e seus discípulos também fizerem pesquisas para a melhoria de vida dos animais e de escravos que atuavam nas lavouras de açúcar na região de Campos de Goytacazes. Depois da tentativa fracassada de colonização, entre os franceses que ficaram no Brasil e os que voltaram para a Europa encontramos muitos que se tornaram ativistas espíritas, conhecidos na França como “Les Brésiliens”, incluindo o Sr. Leclerc e sua esposa, célebres médiuns da Sociedade Espírita de Paris.

sábado, 29 de janeiro de 2011

"Quem foi Verdadeiro André Luiz" é recorde no Observador


Luciano dos Anjos com o porteiro da creche que funciona na antiga casa de Faustino Esposel. É o terceiro com o nome André Luiz .




A postagem Quem foi o Verdadeiro André Luiz superou longe as mais visualizadas no blog Observado Espírita atingindo a marca de 3.098 acessos entre maio de 2010 e janeiro de 2011. A segunda postagem mais visualizada teve apenas 488 acessos, uma diferença de 2.610 visualizações.


Originalmente a matéria recordista foi postada no dia 3 de janeiro de 2008 ( o que praticamente duplica esses números) e comentava com fotos e dados a pesquisa feita pelo jornalista e escritor Luciano do Anjos sobre a verdadeira identidade de André Luiz. O jornalista investigou o assunto por mais de meio século e agora promete trazer a público as suas conclusões.


André Luiz é o Espírito autor da revolucionária série Nosso lar, psicografada por Chico Xavier , considerada a obra literária que mais influenciou o movimento espírita através de informações sobre a vida no mundo espiritual. A obra Nosso Lar, a primeira da série e levada recente ao cinema, é a que mais afetou a construção do imaginário espírita sobre a organização das sociedades além-túmulo nas chamadas “colônias”.


Pseudônimo de um médico que viveu no Rio de janeiro no início do século XX, André Luiz relata seu desencarne e suas experiências posteriores na colônia Nosso Lar. Para Luciano dos Anjos, André Luiz foi na verdade o médico carioca Faustino Esposel que, entre muitas outras atividades sociais, presidiu o Clube de Regatas Flamengo. Essas afirmações derrubam antigos mitos construídos em torno de iconografias mediúnicas que associam André Luiz a espíritos como Carlos Chagas, Miguel Couto e até Oswaldo Cruz. Há também opiniões céticas sobre essas revelação, como a do pesquisador mineiro Jáder Sampaio, que prefere lembrar a advertência do Espírito Emmanuel de que “Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção”. O artigo de Jáder denominado “André Luiz: Cruz ou Chagas?” foi publicado originalmente no Boletim GEAE, número 452 de 25 de março de 2003.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Parentes de sangue e afinidade espiritual

O ator Nelson Xavier e o médium Chico Xavier são parentes. Não me perguntem como, mas são. É um parentesco ao mesmo tempo distante , pelas laços de sangue, e também próximos, pelos , laços de afinidade espiritual. É um vínculo metafísico que a maioria de nós encarnados desconhece, mas que existe no mundo espiritual, organiza e direciona, lá e cá, as nossas relações sociais evolutivas.

A origem geográfica do sobrenome Xavier é reconhecidamente espanhol e católico, segundoconsta no blog Genealogias: “de origem navarra, que corresponde ao topónimo Javier, de onde era originário São Francisco Xavier”. No Brasil ganhou um significado especial , por ter sido o sobrenome do médium espírita mais famoso e querido do país.

Mas Chico Xavier tem um traço fisionômico muito comum entre os Xavier brasileiros: uma cor parda que revela a longa mistura de raças na qual persistiu e predominou um gene comum (não sei qual de qual delas) e que dá aos descendentes essa aparência de homens magros e de fala mansa que os caracteriza. Eles devem ser parentes de uma família antiga da região de Minas próxima da Bahia. Conheci muitos desses tipos no interior de São Paulo, de família muito próxima (os Xavier Duque) todos caboclos migrados dessa vasta região do Rio São Francisco e que se instalaram nas margens o rio Paraná para exercer suas antigas vocações ribeirinhas. A semelhança física e o sobrenome entre todos eles não poder ser apenas uma obra do acaso.

É possível que o Tiradentes, cuja aparência mitológica construída ao sabor das ideologias políticas, tenha sido um mulato desse tipo Xavier do qual estamos falando e não esse herói visual,militar ou santo, cuja imagem não bate com a sua origem humilde e socialmente bem distante dos seus parceiros que se livraram da pena de morte. Arrisco dizer que esse filho adotivo de Chico Xavier , chamado Eurípedes, também tem esses traços fisionômicos e que a sua aproximação afetiva e circunstancial com o médium também não foi obra do acaso. Quando li essa reportageme entrevista de Nelson Xavier falando da sua semelhança mais profunda com Chico Xavier,apenas confirmei uma antiga desconfiança de que essa aproximação artística não foi mera coincidência.

“No papel de si”, para nós, significa exatamente isso: uma afinidade de família espiritual, a mesma que regula as reencarnações pelo princípio da atração espiritual e ao mesmo tempo genética.




André Xavier e Eurípedes, respectivamente irmão e filho adotivo de Chico, sendo observados pelo documentarista Oceano Vieira de Melo.

No papel de si

Prestes a encarnar novamente Chico Xavier, este ex-comunista e ex-ateu psicografa a própria vida



Mônica Manir - O Estado de S.Paulo - 23/01/2011


Por telefone, a filha Ana diz que vai se mudar pra Estocolmo.

- Mas lá é tão frio, e você odeia o frio...

A proposta de trabalho parece imperdível. E Ana está ansiosa por viver num país tão civilizado. Nelson, enfim, aquiesce, com brandura.

- Vou rezar por você.

- Ué? E desde quando você reza?

Desde Chico. Ana morou um bom tempo na Inglaterra, hoje vive em São Paulo e ainda não captara as transformações sofridas pelo pai depois de ele estrelar o filme sobre o médium mais famoso do Brasil.

Nelson reconhece que desprezava esse seu lado. Desprezava, não. Desprezava é muito forte. Só achava que as coisas do espírito não pertenciam a esta vida. Quando chegasse o momento, se chegasse, ele prestaria atenção.

Ocorre que Nelson Xavier é filho de mãe espírita, que o levava ao centro de mesa branca desde que ele usava calça com bainha no joelho. "Vi materializações muito cedo." Mas aquilo lhe parecia desimportante, mesmo porque renegar a fé materna era parte sine qua non de sua autoafirmação. Ocorre também de Nelson ser casado há 22 anos com a atriz e cantora Via Negromonte, mestre de ioga, que há séculos lhe propunha meditar, meditar, meditar. "Não é uma coisa estritamente espiritual, mas é uma disciplina que ajuda, sabe?"

Ocorre ainda - e aqui Nelson pigarreia um pouco - que esse ator, autor e diretor paulistano tem câncer. Não sabe dizer há quanto tempo foi informado disso, mas o médico dera à sua mulher, em segredo, um prognóstico rápido de viuvez. O câncer, no entanto, atingiu a próstata e por ali ficou, bem administrado. "Agora, quando você tem um tipo de doença assim, procura os meios racionais, convencionais ou quaisquer outros que pintem", confessa. Quando o caminho espiritual apareceu, ele (crau!) o agarrou, isso antes do Chico. Então não é que o vidente de Pedro Leopoldo lhe caiu do céu. Quer dizer, caiu, mas ele já estava de braços abertos esperando embaixo.

Tanto que Chico Xavier foi o único papel que Nelson pediu para fazer em sua carreira de 48 filmes e pelo menos um personagem memorável, Lampião. Assim que soube do projeto do longa, em 2006, ele ligou para Daniel Filho:

- Se você achar que estou muito velho, faço uma plástica.

Daniel só retomaria a conversa em 2008, como relata o livro de Marcel Souto Maior sobre os bastidores do filme.

- Lembra aquele pedido que você me fez?

- Qual pedido?

- Bem, se ainda estiver de pé, você é o meu Chico Xavier.

Nelson disse que sim, claro. E caiu em choro compulsivo do outro lado da linha.

Na sala de seu sobrado no bairro de Santa Teresa, uma casa que está para vender e na qual o mato em volta cresce enlouquecido, Nelson se contém. Fala pausadamente, medindo as perguntas que ouve e regrando as respostas que dá. Toda essa calma também vem do Chico? "Veja pela minha risada que é ilusório", afirma, às gargalhadas. "É recolhimento, é reserva, é prudência, é medo."

Um medo de raízes ancestrais, de não conseguir sobreviver da arte, por exemplo. Já na faculdade de Direito da USP, ele achou que somente uma viagem à Europa poderia tirar essa dúvida. Não foi apenas com a cara e o pânico. Sabia falar italiano, porque assim se comunicava no Bexiga com os avós maternos. E conseguiu um estágio na Universidade de Siena, que lhe permitiu vagar por museus e afins durante dois meses, a fim de escapar do "círculo pequeno burguês" que o tolhia. Voltou decidido a fazer a Escola de Arte Dramática, onde foi aluno de Sábato Magaldi, de Luís de Lima, de Gianni Ratto, e contemporâneo de Francisco Cuoco e Miriam Mehler.

Para a primeira peça que dirigiu ainda na faculdade, convidou a mãe:

- Ô, meu filho, foi pra isso?...

Bateu-lhe o ódio, mas não o desânimo. Nelson não só terminou a faculdade como se juntou ao Teatro de Arena de São Paulo, que mambembou pelo Nordeste apresentando Eles não Usam Black -Tie (de Guarnieri), Revolução na América do Sul (de Augusto Boal) e Chapetuba Futebol Clube (de Oduvaldo Vianna Filho). A empolgação aumentou quando o grupo conheceu no Recife o Movimento de Cultura Popular, fundado por Paulo Freire e Germano Coelho, entre outros. "Eles criaram um despertador cultural, o mais bem concebido projeto pedagógico de cultura do País." Lembra que, naqueles dias, os jovens sonhavam com o voluntariado, seu horizonte era a utopia. "Hoje eles sonham com um emprego, seu horizonte é o patrão."

Nelson começou a trabalhar no seu paraíso. Escreveu o texto de Mutirão em Novo Sol, que relata os conflitos entre camponeses e criadores de gado no interior de São Paulo. O espetáculo foi um sucesso de crítica, pela direita e pela esquerda, mas o que o comove é se lembrar da apresentação da peça na ampla arena do Sítio Trindade, que ficou lotada de lavradores de Pernambuco e Paraíba. Falava-se em mais de 3 mil camponeses. "Com o tempo, que tudo amadurece, fui reduzindo esse número, temeroso de acreditar em cifras delirantes, porque os lavradores foram de fato ao delírio."

Não faz muito, o MST o procurou. Queria uma cópia do texto - "o único que fala de resistência camponesa na nossa dramaturgia" - para transformá-lo em transmissão radiofônica, a ser passada aos jovens do movimento. Nelson está sem notícia do resultado, mas recebeu o roteiro na forma de livro, um dos que moram na sua cabeceira no momento. Outros, que ele traz empilhados do quarto escada abaixo, são a biografia em quadrinhos de Tina Modotti, fotógrafa italiana que conheceu a nata da esquerda em 1920, um monólogo de Os Sertões, adaptado pelo amigo Ivan Jaf ("maravilhoso, me deu quase inveja dele"), e Príncipe e Corsário, Quase Tudo que Gaspar Dias Ferreira Escreveu sobre João Maurício de Nassau.

Do Evangelho Segundo o Espiritismo ele leu alguma coisa, mas não sistematicamente. Acha que o sucesso dos livros e películas espíritas no Brasil se explica pela importância que o País ganhou para a doutrina, especialmente depois do advento Chico Xavier. Mas destaca que, sob uma embalagem mais sutil, outros filmes nessa linha bombaram nos EUA e fora dele, como Ghost e Sexto Sentido, e agora Além da Vida. "O personagem principal tem o dom da vidência, mas considera isso uma maldição", adianta, sem que essa informação comprometa as impressões de quem ainda não viu o último em cartaz de Clint Eastwood. "Destaca-se que é o que o Chico fazia, ou seja, a comunicação."

Nelson em breve volta à telona com As Mães de Chico Xavier, em que ele faz o próprio novamente, porém mais envelhecido. Não o queria parecido com o Chico de Daniel para evitar o estigma. Comparando malemá, evita virar um Christopher Lee, que encarnou inúmeras vezes o Conde Drácula. De qualquer forma, na semana que vem, o ator aparece na tela da Globo logo depois do cármico BBB11, na microssérie Chico Xavier, extensão do filme lançado em abril de 2010, com cenas inéditas que lhe espicham uma hora de conteúdo.

Nelson sorri para a proposta. "Quando assisti pela primeira vez à versão para o cinema, fiquei meio frustradinho", diz. No longa, ele aparece quase exclusivamente no programa de entrevistas Pinga-Fogo, da TV Tupi, de 1971, em que a autenticidade de seu dom foi sabatinada por um intelectual católico, um estudioso do espiritismo e três jornalistas. Para responder a temas como sexo, drogas, pena de morte, bebês de proveta e homossexualidade, o médium sempre citava os "amigos espirituais", condizendo com o mantra de que não passava de um graveto que se confunde com o pó, uma tomada entre dois mundos, um animal em serviço, um nada.

"Chico é uma força de amor", diz Nelson, cortando esta nossa entrevista para enxugar os olhos por baixo de uma fina moldura, um contraponto aos óculos garrafais que marcaram seu personagem. Do vestuário do médium, aliás, ele ficou com um terno estilo inglês e algumas boinas, ganhos de Eurípedes Higino, filho adotivo do médium. Nelson anseia... não, anseia é muito forte. Nelson está torcendo para que a minissérie inclua uma cena em que ele, Chico, toma chá com uma amiga assistente. "É uma tomada longa, de um plano só, fiquei feliz com ela na ocasião." Mas Nelson diz que não é de sua alçada julgar isso. Cruza as pernas lentamente mais uma vez, deixando um Croc cochilar sobre o outro, apesar do ronco dos aviões a caminho do aeroporto, que faz tremer o casarão. "Eu fiz a cena, agora a avaliação não é minha."



Chico Xavier recebendo visitas na Fazenda Modelo: traços típicos dos mulatos Xavier

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Tragédia da Piedade


A crônica escrita por Edgard Armond (do livro Relembrando o Passado), tinha como intenção primordial chamar a atenção do leitor sobre a gravidade dos sentimentos de ódio e vingança, bem como a grandeza do gesto doperdão.Ao relembrar o fato que o motivou escrever sobre assunto, ele cita o conhecido trecho evangélicosobre reconciliação com os inimigos e que surgira “espontaneamente” como leitura da reunião mediúnica daquela noite. Armond não revela a identidade dos personagens do caso (por ser amigo pessoal de um dos envolvidos), mas deixa pistas que levam qualquer leitor mais curioso a fazer especulações, como essas que aqui fazemos agora.

Na referida reunião mediúnica “...deu-se a incorporação de um Espírito de nome muito conhecido das letras nacionais e que teve morte trágica”, que veio solicitar ajuda para uma tentativa de reconciliação com aquele que o havia alvejado a tiros e provocado a sua desencarnação. Queria alertá-lo para essa grande oportunidade espiritual, já que sua morte também estava próxima. Armond seria o intermediário da proposta para que os dois conversassem fraternalmente, pela via mediúnica. O encontro não aconteceu, pois a parte encarnada, embora reconhecendo o esforço do amigo, evitou de todas as formas que o contato fosse realizado. Fez uma viagem repentina ao Rio de Janeiro e ali desencarnou, como havia alertado o Espírito.

Em nossas especulações para identificar essas pessoas, consideramos que poderíamos explorar uma hipótese improvável e consequentemente cometer erros conclusivos, porém não resistimos fazer essas possíveis ligações entre fatos e pessoas:

- Alguém “de nome muito conhecido nas letras nacionais e que teve morte trágica”.

Quem poderia ser?

- Num trecho da crônica Armond enfatiza: “Conheço bem o assunto..., que teve, aliás, na época, profunda repercussão nacional”.

A que época e qual repercussão ele se refere?

- Em outro trecho Armond revela como se deu a morte do Espírito que se manifestou: "o homem que ele matara num duelo histórico propunha uma fraternização, leal e cristã, e avisava que se apressasse, porque pouco tempo lhe restava de vida, aqui”.

Que duelo foi esse? Que contexto histórico se relaciona ao fato?

Ao buscar na memória algumas possibilidades factuais, fomos também eliminando aquelas que não eram compatíveis com os dados informados pelo cronista. Restou apenas essa, que pode não ser a única, porém muito próxima dos acontecimentos: o duelo entre o escritor Euclides da Cunha (com 43 anos) e o jovem cadete Dilermando de Assis, na época com apenas 21 anos de idade. O fato ficou conhecido como Tragédia da Piedade, bairro da zona norte carioca onde morava Dilermando e o irmão mais velho. O motivo do confronto foi o profundo envolvimento sentimental de Dilermando com Ana Solon (de 38 anos), esposa de Euclides. Testemunha do confronto, o irmão de Dilermando, chamado Dinorah, também foi atingindo na nuca pelos tiros de Euclides, ficando invalído. Dinorah era atleta do Botafogo e cometeu suicídio em 1921 atirando-se nas águas do rio Guaíba, em Porto Alegre.

Em 1916 , numa repetição trágica, um dos filhos de Euclides e Ana tentara vingar a morte do pai e também foi morto por Dilermando, que era hábil atirador e campeão de tiro ao alvo. Dilermando foi absolvido pela justiça por legítima defesa nos dois episódios.

Na crônica o Espírito manifestante diz a Armond: “Preciso do teu auxílio e cometo-te a delicada incumbência de procurá-lo (pois é teu amigo) e dizer-lhe que em meu coração não remanesce ressentimento algum”.

Edgard Armond e Dilermando de Assis eram amigos? De onde se conheciam? Que afinidade tinham entre si?

Arrisquemos algumas semelhanças, pois as diferenças podem ser muitas.

Ambos eram militares e contemporâneos. Dilermando era apenas seis anos mais velho que Armond. Fizeram carreiras paralelas num período de 26 anos no qual participaram dos principais acontecimentos militares e políticos entre 1914 e 1940. Não seria coincidência nem difícil terem travado algum tipo de aproximação e amizade.

Dilermando viveu estigmatizado como o “assassino de Euclides da Cunha, o autor de Os Sertões”. Muitos militares humanistas lamentavam esse estigma e procuravam minimizar essa marca negativa realçando as qualidades do colega, que na época dos fatos era muito jovem e inexperiente.

Embora servindo em corporações diferentes (Armond era da Força Pública Paulista e Dilermando do Exército), os dois poderiam ter se conhecido em diversas oportunidades .

O primeiro casou com a filha de um marechal do Exército (Manoel Félix de Menezes) e o segundo casou-se com Ana Solon, filha do Major Frederico Solon, que teve atuação marcante na Proclamação da República.

Ambos eram maçons. Armond ingressou na ordem na cidade de Amparo, onde serviu na Força Pública, chegando ao grau de mestre. Dilermando era defensor da maçonaria tradicional e crítico da cisão ocorrida na orientação doutrinária das lojas no Brasil.

Quando desencarnou, em 1951, Dilermando já era general de exército e residia em São Paulo. Nessa época Edgard Armond já estava aposentado e exercia o cargo Secretário Geral da FEESP.

Se houve algum laço de amizade entre os dois, seria interessante saber em que circunstâncias isso ocorreu. Como relata Jacques Conchon (citado na biografia de Armond escrita por Edelso da Silva Júnior), certa vez o Comandante recebeu o telefonema de um coronel do Exército que queria conhecê-lo. Os dois haviam estado em lados opostos durante a Revolução de 32; a conduta e ação em combate do então capitão Armond o impressionou muito por este ter evitado umatragédia desnecessária entre os dois pelotões em confronto. Quem sabe se esse coronel não era Dilermando? Sim, certamente mais uma especulação.

Mesmo se tudo isso não passar de um grande equívoco da nossa parte, ainda restará uma dúvida: quem são esses dois espíritos inimigos famosos que Edgard Armond não conseguiu reconciliar numa sessão espírita?




Dinorá, em pé, o terceiro à direita: invalidez e suicídio


Sianinha, você me perdoa?!


Cursava eu o terceiro ano do ginásio, na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga, no distante ano de 1936, quando, pela primeira vez vi Dilermando de Assis, na época capitão do exército, pertencente ao Estado Maior do Gal. Cmte. da Segunda Região Militar (hoje, Exército do Sudeste).

Nossa Escola Normal fazia parte do roteiro de solenidades devidas a tão ilustres militares, que visitavam cidades onde tinham unidades do Exército, para um bom relacionamento com a sociedade, ainda agastada com a derrota da Revolução de 32, quando os paulistas queriam a Constituição, a Lei Magna da Pátria.

Finda a visita, nosso professor de música, maestro Modesto Tavares de Lima, contou-nos que aquele capitão, ao lado do general, era Dilermando de Assis, homem que matara o famoso escritor Euclides da Cunha e seu filho.

A segunda vez, eu já 1º Tenente, foi em 1948, no Palácio dos Campos Elíseos onde ele fora levar um convite de casamento de uma de suas filhas ao Dr. Adhemar de Barros. Na sua saída, o saudoso Cel. Oswaldo Feliciano, na época capitão Ajudante de Ordens do governador paulista falou-me que aquele cidadão era o 'homem que matara Euclides da Cunha', em 1909, na tragédia de Piedade, agora General Reformado Dilermando de Assis.

Perdera sua identidade desde aquele fatídico ano; em sua carreira militar galgou todos os postos de hierarquia mas, ninguém falava referindo-se a ele: o Capitão..., o Major..., o Coronel..., o General.... mas, falavam enfaticamente: 'Esse é o homem que matou Euclides da Cunha', brilhante escritor de Os Sertões, livro traduzido em inúmeros países.

Dos dois processos criminais: 1909 e de 1916, foi absolvido, pois, ficou provado que matou pai e filho em legítima defesa, entretanto, carregou por toda sua vida aquele estígma de ser o assassino do grande escritor.

Doente, alquebrado, a pedido de sua filha, visitou Ana Paes, pivô do triângulo amoroso, que originou a tragédia. Estava agonizando. Dilermando achegou-se ao seu lado e, com os olhos marejados de lágrimas falou: "Sianinha, você me perdoa?". Meses depois fechou os olhos para o mundo, readquirindo sua identidade. Morreu como General do Exército Brasileiro.


Cel. Edilberto de Oliveira Melo - São Paulo, SP, Brazil

Inativo da Polícia Militar do Estado de São Paulo e escritor de vários livros sobre a PM, sendo eles: Asas e Glórias de São Paulo (parceria Cel. Canavó); O Salto da Amazônia; Raízes do Militarismo Paulista; Marcos Históricos da PM e o mais recente Clarinadas da Tabatinguera.

http://memoriasdeumveterano.blogspot.com/


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Acordo amistoso



Em suas memórias de serviços mediúnicos realizados na Federação Espírita do Estado de São Paulo- FEESP , o Comandante Edgard Armond relembra, entre muito outros, um interessante episódio de intercessão espiritual. Trata-se da crônica “Acordo amistoso”, do livro “Relembrando o passado”.

Diz ele:

“Apresentava-se ameaçadora e negra a atmosfera espiritual nos arredores do grande orfanato, situado em vasta gleba a sudeste da capital, que pertencera, há mais de um século, a um sacerdote que teve notável atuação nos fatos históricos referentes ao Brasil monárquico; ela era agora disputada por pessoas criminosas, cujo intuito era se apoderarem da terra e aniquilarem a obra grandiosa realizada por uma irmã nossa, já desencarnada, de nome muito conhecido no setor das obras de benemerência espírita. Fechada há algum tempo e rodeada de fluidos e vibrações mortíferas, o grande edifício se apresentava sombrio e quase inacessível. Somente com a interferência de uma jovem índia, muito bela e cheia de luz espiritual, foi possível constatar, rapidamente, que o prédio estava ocupado por inúmeras entidades desencarnadas. Após colocarem à entrada um guarda índio e reunidos para examinarem a situação, compareceu ao nosso local de trabalho uma entidade sacerdotal, trajando uma túnica bege e uma cruz vermelha ao peito o qual, com desembaraço e sem o menor constrangimento, declarou que viera espontaneamente nos procurar, após entendimento prévio com o chefe índio encarregado da vigilância espiritual da propriedade, na parte exterior. Explicou que instalara no casarão um posto de socorro, para recolher companheiros desencarnados que permanecessem estagiando, até que tomem rumo. São independentes no seu trabalho e, se ali se estabeleceram, foi porque encontraram o prédio praticamente abandonado; e consolidaram a ocupação porque o abandono, ultimamente, se completou ( o que era realmente exato). Demos-lhe o motivo do abandono, efetivado pela direção anterior do orfanato e lhe afirmamos que se tratava de uma situação transitória”.

Na sequência da narrativa Armond explica que foi solicitada a intervenção do plano espiritual superior, surgindo no local um emissário de Ismael, que instruiu e conduziu o sacerdote e seus tutelados para uma região do litoral norte de São Paulo, instalando ali um novo núcleo de socorro espiritual. Os videntes descreveram em detalhes as novas instalações idealizadas e plasmadas pelo emissário e também uma projeção antecipada de um grupo de crianças em franca correria pelos pátios do antigo casarão. A obra do orfanato seria restaurada.


Outros relatos sobre o mesmo assunto esclarecem melhor essa ação socorrista conjunta entre encarnados e desencarnados, permitida pelo conhecimento e experiência em trabalhos mediúnicos em bases espíritas. Falando de Carlos Jordão da Silva, pioneiro espírita e também militante da FEESP (60 anos de Espiritismo), Ary Lex escreveu :

“Foi diretor financeiro do Lar Anália Franco, entidade criada pela grande educadora Anália Franco, no Alto da Mooca, na avenida Regente Feijó, em vasta área territorial comprada em 18 de fevereiro de 1914. Jordão e o Sr. Braga, também dirigente do Lar, lutaram durante anos para evitar que mais da metade da área (cerca de 40 mil metros quadrados) fosse grilada, mas não conseguiram impedir, graças à corrupção existente em cartórios e outros setores. Hoje centenas de casas e várias ruas estão em área que pertenceria ao Lar”.


Para saber mais sobre Anália Franco:

http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae459.html#Entrevista


O resgate do Lar em fotos da Revista do Tatuapé


Fotos: http://revistadotatuape.institucional.ws/2010/09/tatuape-ontem-e-hoje/


sábado, 8 de janeiro de 2011

Por onde andará Ary Casadio ?

Ary Casadio (de bigode) é o quarto da direita para a esquerda (clique na foto para ampliar)




Nas comemorações dos 60 anos do Pacto Áureo destacam-se nomes conhecidos como Leopoldo Machado e Lins de Vasconcelos e outros mais discretos, senão mais obscuros, como o médium Ary Casadio.

Quem foi esse nome que aparece nos documentos e livros como signatário e participante ativo desses eventos históricos?

Ary Casadio foi um do integrantes da famosa Caravana Fraternidade, organizada como extensão do Pacto Áureo, evento ocorrido no Rio de Janeiro em 1940 como tentativa de unificação nacional do movimento espírita. Casadio foi convidado exatamente por ser médium de incorporação com alta potencialidade e sintonia. Na biografia publicada no site da FEB consta que ele ingressou no movimento espírita sob o patrocínio de Edgard Armond , mas não cita a fonte da informação. Também nas memórias do Dr. Ary Lex (60 anos de Espiritismo em São Paulo), o destino do médium foi citado com um tom de quem lamenta a fuga de um desertor: “ ...como acontece frequentemente com aqueles que são servidos, abandonou a Federação e mudou-se para Osasco, desaparecendo do meio espírita”.

Na biografia de Armond , redigida pelo próprio e codificada pelo jornalista Valentim Lorenzetti, Ary Casadio é apresentado juntamente com outros médiuns que tiveram participação significativa nos acontecimentos históricos da Federação Espírita do Estado de São Paulo- FEESP, sobretudo na formação do conselho diretor daquela entidade. A origem desse e de outros médiuns foi descrita por Armond numa narrativa na qual podemos perceber a importância daquele contexto e a qualidade dos médiuns que surgiam naquelas circunstâncias.

Mesmo assim, persistem as perguntas que não querem calar e que não tratam somente da vida de alguém especificamente e sim dos médiuns e servidores em geral:

Por onde andará Ary Casadio? O que aconteceu com ele após aqueles episódios? Por que se afastou do meio espírita? Como lidou com a sua mediunidade nesse longo período de anonimato?

“Naqueles primeiros dias, predominavam por toda parte os efeitos físicos e era marcante a falta de médiuns de confiança para o intercâmbio com o Plano Espiritual Superior; atendendo a um pedido, o Espírito Bezerra de Menezes prometeu sanar a lacuna; passados poucos meses, apareceu na Casa um rapaz moreno escuro, que se dizia graxeiro da Sorocabana, em Assis, e médium de incorporação. Submetido a uma prova, satisfez plenamente. Chamava-se Ary Casadio e ficou combinada sua mudança para a capital, sob a proteção da Casa, onde ficou alojado. Mais tarde, trouxe esposa e filhos pequenos e se dedicou inteiramente aos trabalhos da Casa, prestando durante longo tempo ótimos serviços, tanto internos como externos, em ocasiões solenes e em trabalhos práticos, inclusive depois dos congressos de unificação realizados a partir de 1947, acompanhando, inclusive, como médium, a Caravana da Fraternidade, que viajou por vários estados do País, na propaganda da unificação doutrinária. Para melhorar as condições da família, arranjou-se-lhe um emprego no Tribunal de Justiça, como escrevente; bem mais tarde formou-se em Direito e abandonou o serviço por conveniência familiar, mudando-se para Osasco.

Essa carência inicial de médiuns já levara antes à formação do Grupo Razin, com sete membros, com o que o intercâmbio melhorou grandemente. Eis os nomes de seus membros primitivos, além do comandante: Raul de Almeida Pereira, funcionário do IBC, médium de incorporação, vidência e audição; José Quintais, mais tarde funcionário do departamento de projetos da Indústria Villares: vidência, audição, psicografia e desenho mediúnico; Rubens Fortes, oficial reformado do Exército: incorporação consciente; Altair Branco, engenheiro;Luiz Verri, cabeleireiro de senhoras: vidência e audição; Paulo Vergueiro Lopes de Leão, pintor, diretor da Escola de Belas Artes.

O Grupo funcionou bem até 1950, data em que foi dissolvido por não haver concordado com a criação da Escola de Aprendizes do Evangelho, exceto dois membros: Paulo Vergueiro eCarlos Jordão, que fora convidado e passou a fazer parte do Grupo nos últimos dois anos.

Durante suas reuniões, duas coisas importantes aconteceram:

1) Manifestou-se pela primeira vez a entidade feminina designada pelo nome de "Castelã", que a partir de então, dispensou ao Grupo valiosíssima colaboração e 12 anos mais tarde, em 1953, pelo médium Divaldo, se identificou como protetora pessoal do comandante, tendo sido, na Itália papal, rainha de Nápoles, em 1481, como Margarida de Médicis.

2) Em uma de suas reuniões, em 1941, surgiu de improviso um médium desconhecido, jovem, que se dizia médico e se chama Élio. Sua trajetória foi rápida porém proveitosa. Acercou-se da reunião, no saguão do salão superior, sentou-se ao lado do comandante, ouviu durante alguns momentos uma mensagem que estava sendo transmitida e interrompeu o trabalho, convocando o comandante para uma reunião urgente. Atendendo ao solicitado, a reunião foi decidida e feita na Escola de Belas Artes, à rua Onze de Agosto, onde não haveria interrupções; acompanharam o comandante o engenheiro Altair, Luiz Verri, Lopes de Leão, diretor da Escola, e o médium. Foi nesta imprevista reunião que foram feitos os primeiros contatos com Ismael, o preposto de Jesus para a condução espiritual do Brasil, o qual, incorporado no referido médium e sob controle do vidente Verri, transmitiu suas primeiras instruções ao comandante, investindo-o na tarefa de dirigir a Federação, estabelecendo a prevalência do Espiritismo Evangélico e construindo, oportunamente, as bases para o êxito desse transcendente empreendimento espiritual”.


*Foto do arquivo digital da FERN disponibilizado por Maria da Conceição Queiroz; legenda com informações de Antonio Cesar Perri de Carvalho em artigo extraído da revista Reformador (FEB)

A Caravana da Fraternidade na capital do Rio Grande do Norte em 1949. Pela ordem da esquerda para a direita: Leopoldo Machado (calça branca e paletó escuro)- ; Luiz Burgos Filho (sem paletó); Abdias Antônio de Oliveira (paletó branco) – vice-presidente da FERN; Francisco Spinelli (paletó escuro); Major Felipe Soares (atrás, aparece só a cabeça) – presidente do Centro Espírita Victor Hugo – RN; Carlos Jordão da Silva (paletó branco e segurando chapéu); Severino Rodrigues Viana; Sebastião Félix de Araújo, ex-presidente da FERN, pioneiro da Unificação no Estado; Ary Casadio (com bigode); Major Alfredo Lemos da Silva; Sebastião Avelino de Macedo (trabalhador vinculado à orientação de juventudes); Hilpert Viana – trabalhador do Centro Espírita Victor Hugo – RN.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Canuto, Delanne e Roustaing

Eugênio Lara, nos comunicou o resgate e publicação no PENSE - Pensamento Social Espírita - de um belo artigo de Canuto Abreu falando de Gabriel Delanne.

Publicado originalmente na revista “Metapsíquica”, nele o célebre historiador paulista revela a face científica de um dos mais importantes discípulos de Allan Kardec.

Mas o que mais chama a atenção no artigo é o trecho no qual Canuto ensaia, num rápido e delicado diálogo com Delanne, o problema “Roustaing”, um dos mais controvertidos temas do movimento espírita. Delanne é cauteloso, porém de uma sinceridade impressionante.

Também a definição que faz de Jesus como "um chefe espiritual" traduz bem bem o que os Espíritos pensam à respeito, isto é, alguém que manda mais em nossos corações do que em nossas mentes.

Talvez tenha sido esse tom cuidadoso e realista que influiu na decisão de Canuto ao acultar opinião de Kardec, transformando-a no famoso "segredo documental".

Leia o artigo no blog Memória do Espiritismo.